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Renato Mauricio Prado

Sem abismo e com orgulho

REUTERS/Kai Pfaffenbach
Imagem: REUTERS/Kai Pfaffenbach

21/12/2019 19h20

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O Mundial não veio. Mas a forma como Flamengo foi derrotado pelo Liverpool, dito o melhor time do mundo, acabou sendo mais um motivo de orgulho para os rubro-negros nessa temporada tão especial.

Há muitos anos um campeão da Libertadores não enfrentava um ganhador da Liga dos Campeões com tanta coragem e de igual para igual, como aconteceu na final deste ano, em Doha.

Os brasileiros chegaram a ser superiores no primeiro tempo e somente nos últimos 15 minutos da etapa final os ingleses tomaram conta do jogo. Mas nem assim conseguiram ganhar no tempo regulamentar. A vitória pelo placar mínimo só veio suada, na prorrogação.

O tal "abismo" que se esperava no duelo entre o futebol sul-americano e o europeu, ao menos no confronto entre as atuais melhores equipes de cada continente, não existiu. A ponto de, num dos últimos lances da partida, Lincoln ter tido (e chutado nas nuvens) uma chance de ouro para empatar e levar a decisão para os pênaltis.

Encerrada a decisão, muito ainda vai se falar nas substituições controversas de Jorge Jesus, tirando Arrascaeta e Éverton Ribeiro para colocar Vitinho e Diego. É injusto, porém, imaginar que se tais trocas não tivessem sido feitas o resultado poderia ter sido outro. Convenhamos, o técnico português tem crédito. Muito crédito. Ou alguém acha que tudo que o clube da Gávea ganhou este ano seria possível sem o "Mister"?

A verdade é que o final de uma temporada extremamente exaustiva e a notável aplicação demonstrada durante toda a partida, diante de um gigante como o Liverpool, cobraram seu preço e, quando o português resolveu mexer, já era evidente o enorme desgaste da maioria dos rubro-negros.

Agora, pouco importa. Mesmo derrotado, o Flamengo volta do Qatar tendo dado mais uma demonstração de como é forte e, se mantidos o técnico Jorge Jesus e o artilheiro Gabigol, terá todas as condições para brigar por cada título que disputar no ano que vem. E como favorito.

Reforços já estão chegando para tornar o elenco (principalmente em termos de peças de reposição) ainda mais forte e os rivais do Brasil e da América do Sul precisarão mudar de patamar se quiserem mesmo se equiparar ao rubro-negro.

Nessa final em Doha, até mesmo jogadores que não vinham bem nos últimos jogos, como Filipe Luís, Pablo Mari e Gerson, mostraram capacidade de se superar. Com o descanso das férias e a pré-temporada, com certeza, voltarão tinindo.

No final das contas, 2019 não conseguiu superar os feitos de 1981 — a Tríplice Coroa atual é de Estadual, Brasileiro e Libertadores e a conquistada pelo supertime de Zico uniu Estadual, Libertadores e Mundial (além do histórico 6 a 0 sobre o Botafogo, numa revanche esperada há quase uma década).

Pouco importa. Esse time de Jesus provou que tem cacife para buscar, em 2020, outra sequência espetacular e, por que não, uma nova final de Campeonato Mundial. Quem sabe, um tira-teima com o próprio Liverpool?