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OPINIÃO

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Perrone: Brasileirão é sobre resistência. Nada a ver com encantar torcedor

Vítor Pereira reclama durante a partida do Corinthians contra o Santos - Ricardo Moreira/Getty Images
Vítor Pereira reclama durante a partida do Corinthians contra o Santos Imagem: Ricardo Moreira/Getty Images

27/06/2022 10h31Atualizada em 27/06/2022 10h31

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"Chega um momento em que nós estamos a passar por uma fase em que acaba um jogo, já começo a pensar no jogo seguinte e tentar imaginar qual equipe vamos jogar. Não está fácil", disse Vítor Pereira após o empate sem gols do Corinthians contra o Santos, no sábado (25).

"Sou religioso e rezo. Pela quantidade de jogos que há, só rezo. Vocês estão vendo a quantidade de jogadores lesionados em jogos do Flamengo, Atlético-MG, Corinthians... Não sou mágico, só peço para ter saúde, afirmou Abel Ferreira depois do empate em dois gols com o Avaí, no domingo.

"Campeonato Brasileiro é ingrato. Se não der atenção, se volta contra você de uma tal maneira... vamos tentar sempre fazer o melhor time que a gente puder", declarou Rogério Ceni ao falar sobre o 0 a 0 entre São Paulo e Juventude no domingo.

Tem sido assim em quase todas as entrevistas coletivas de treinadores depois das partidas de seus times no Brasileirão. Uma chuva de reclamações sobre o desgastante calendário que enfrentam.

Está chato até. Sempre a mesma coisa. Quando a equipe perde, parece choro de perdedor.
Mas na maioria das vezes, os técnicos têm razão de reclamar. O calendário é insano para quem disputa Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores ou Sul-Americana.
No meio do ano, grande parte dos elencos já está no bagaço e com seus departamentos médicos movimentados.
Para azar do Campeonato Brasileiro, quem joga a Libertadores prioriza o torneio continental. Quem tem um mata-mata duro na semana na Copa do Brasil ou na Sul-Americana dá um refresco para os titulares mais cansados no Brasileirão, como fizeram, por exemplo, os treinadores de Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Atlético-MG na última rodada.
Inevitavelmente, a qualidade cai. As jogadas que encantam os torcedores diminuem de quantidade. Até nos casos dos clubes com grupos mais robustos, como Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG.
O calendário sufocante desencadeia um processo em que todos perdem. Treinadores têm seus trabalhos prejudicados. Os jogadores mais afetados se arrastam em campo. O risco de sofrerem lesões aumenta. O torcedor fica frustrado com o que vê. Jogos ruins, sem as forças máximas dos clubes, também fazem mal a quem paga para transmiti-los.
A CBF, que parece não se incomodar, vê sua imagem ser atacada a cada rodada, pois ela é parceira da Conmebol nesse calendário desastroso.

No final, assistimos a um Brasileirão no qual dar espetáculo está longe de ser prioridade. O importante aqui é resistir. Superar o desgaste físico "da melhor forma possível", como gostam de falar os técnicos. O campeonato é sobre resistência. Não tem a ver encantar o torcedor.