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Menosprezado pelos grandes, Paulistão paga o preço de não se modernizar
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Sou do tempo em que jogar o Paulistão era coisa séria. Poupar time no Estadual era algo que o torcedor repudiaria.
Até porque, os times do interior eram fortes. Entrar com uma equipe de garotos contra o Guarani de 1978, diante da Ponte Preta ou do Botafogo de Ribeirão Preto de 1977 poderia representar um vexame histórico para Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos.
Os tempos mudaram, mas o Paulistão não se modernizou como deveria para não perder o bonde.
Outras competições ganharam mais importância, como o Brasileirão e a Libertadores. Aos poucos os estaduais tiveram sua relevância diminuída.
E aí veio o golpe da pandemia de covid-19. Os cartolas tiveram um ano para pensar num campeonato mais seguro e atraente. Uma bolha de verdade com um formato mais enxuto.
Mas não. Os dirigentes preferiram espremer a temporada. Encararam o risco de ver o campeonato ser suspenso por conta da piora da crise sanitária, o que acabou acontecendo.
Um modelo diferente para encarar a pandemia serviria como teste para a necessária repaginação do Estadual.
No lugar disso, temos jogos desinteressantes e clubes desinteressados. O que antes era prazeroso, virou uma chatice para o torcedor e um estorvo para os times.
Maior exemplo é o fato de o Palmeiras, dono do melhor elenco no estado, na opinião deste blogueiro, enfrentar dificuldades para se classificar para a próxima fase. E, pelo menos aparentemente, sem dar muita bola para isso. Afinal, o alviverde tem taças mais cobiçadas para tentar conquistar na temporada.
Ao não transformar o Paulistão dos tempos de pandemia numa competição atraente, a FPF corre o risco de ver o desdém com que seu campeonato é tratado pelos grandes neste ano virar padrão para quando a crise sanitária passar.
Se continuar assim, o Paulistão será cada vez mais Paulistinha. E os dirigentes sentirão no bolso. Quem vai pagar muita grana para transmitir jogos nos quais os principais times de São Paulo parecem só cumprir tabela?
Nos tempos em que o Campeonato Paulista empolgava, a oferta de partidas de competições europeias era reduzida na TV.
Hoje, há fartura de jogos dos melhores times do mundo em diversas plataformas.
A Federação Paulista precisa pensar também nessa concorrência para entender a necessidade de revitalizar seu produto.
Não se trata de tentar oferecer jogos com a mesma qualidade dos principais torneios europeus. Mas de reencontrar seu espaço no calendário e no coração do torcedor.
Os dirigentes precisam enxergar o óbvio: menos jogos de maior qualidade valem mais do que muitos disputados por times B ou C.
Um campeonato mais curto com jogadores menos cansados e de melhor qualidade cativam mais o público e têm maior valor de mercado.
Modernizar o Paulistão também é necessário para conquistar os torcedores mais jovens. Quem está começando a acompanhar futebol agora não tem um bom motivo para ficar diante da TV domingo à noite vendo reservas de times grandes contra equipes do interior.
A desculpa de que uma competição mais curta levaria à falência as equipes menores é preguiçosa. Cabe a dirigentes da FPF, da CBF e das próprias agremiações trabalharem num sistema sustentável para todos.
Ou rola uma transformação radical ou o Paulistão não passará de um fardo para jogadores, técnicos e torcedores.
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