Opinião: Renato flerta com decadência ao insistir em realidade paralela

Renato Gaúcho deu neste sábado mais demonstrações de que acredita que é mais inteligente do que todo mundo, incluindo o torcedor do Grêmio.

Depois do empate sem gols contra o Fortaleza, o treinador do tricolor gaúcho se revoltou contra a imprensa. Disse que os jornalistas erram ao dizer que ele poupou atletas na partida. Afirmou que a imprensa não sabe o que acontece no time e que ele proíbe os médicos de darem informações sobre a situação de seus comandados.

"Não existe preservação aqui dentro. Quando vocês (jornalistas) não veem um jogador no time, acham que é preservação, que estou poupando, mas não sabem o que acontece no dia a dia. Não vou falar nada para vocês, nem o departamento médico. Se o jogador não está em campo, eu sei o que estou fazendo. Não estamos poupando ninguém. Se alguém não está aqui hoje, é porque temos nossos motivos. O problema de vocês é que acham que estão sempre certos. E não estão", afirmou o treinador.

Ele ainda disse: "por que você acha que estamos poupando? Eu tenho a resposta, mas não vou dar".

Não é preciso se alongar para argumentar que, se Renato admite esconder informações da imprensa, sua revolta com os jornalistas é desproporcional. Se está incomodado com o que foi dito, seja transparente e esclareça os fatos.

Mas o treinador não quer explicar, prefere confundir. Renato acredita que pode fazer o que quer no Grêmio sem ser contestado.

Tal comportamento é um passo para a decadência, para a desatualização. Considero o treinador gremista um dos melhores do país, mas sua insistência em criar um mundo no qual ele está acima de tudo o atrapalha.

Até segurar um adversário na partida com o Fortaleza ele segurou numa demonstração de que está sem limites.

O fato de ser ídolo gremista como jogador e técnico deveria fazer Renato ter mais cuidado com seu comportamento, já que serve de espelho para os fãs.

Em tempos em que a sociedade clama por transparência não seria melhor ele jogar aberto com a torcida do Grémio?

Claro, se acha que algo pode prejudicar o seu time, não fale. Mas tratar o torcedor como um ser hipnotizado que não vai questionar suas bravatas é desrespeito com quem o admira.

Num momento em que se exige dos treinadores visão institucional e sintonia com temas que extrapolam o futebol, Gaúcho insiste em criar a "Renatolândia", terra em que só ele tem sabedoria, transparência não é importante e na qual não há problema em usar exemplo machista para expor suas ideias. Ou seja, é um técnico que mostra ideias atualizadas dentro de campo, mas faz questão de insistir no personagem de dinossauro fora dos gramados.