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Mauro Cezar Pereira

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Como Messi e Neymar, CR7 aceita o papel de 'ferramenta' no jogo geopolítico

CR7: agora jogador do saudita Al Nassr - Reprodução
CR7: agora jogador do saudita Al Nassr Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

17/01/2023 04h00

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Na quinta-feira Cristiano Ronaldo estreará no futebol da Arábia Saudita. Um amistoso colocará o combinado das equipes do Al Nassr e do Al Hilal frente a frente com o Paris Saint-Germain, de Messi.

Obviamente isso vai muito além do futebol. Os dois maiores jogadores de futebol dos últimos anos estarão à disposição dos planos alimentados por poderosos homens do Oriente Médio.

O argentino chegou ao time parisiense para reencontrar Neymar antes da Copa do Mundo sediada pelo Qatar, dono do PSG. Agora é CR7 quem se apresenta como embaixador do projeto saudita para 2030.

Para esses ricos jogadores de futebol, pouco importam as polêmicas que envolvem tais países e seus líderes. Ambos passam longe de qualquer preocupação nesse sentido, como se observa.

No ano que vem a Fifa definirá a sede da Copa de 2030, ambicionada pelos sauditas, em parceira com Egito e Grécia. Depois que o pequeno vizinho fez o Mundial de 2022, o desejo aumentou.

A disputa será contra as candidaturas europeia (Espanha, Portugal e Ucrânia) e sul-americana (Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai). E o jogo fica mais pesado por parte dos sauditas, com CR7 no ataque, o símbolo da campanha por 2030.

O Qatar enfrentava várias acusações de violação de direitos humanos. Isso não inibiu grandes jogadores que se prestaram ao papel de garotos-propaganda do país, meras ferramentas em jogo geopolítico.

O mesmo se passa agora. Independentemente das acusações contra Mohammad bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, filho do rei Salman Abdulaziz Al Saud, também vice-primeiro ministro e ministro da defesa.

MBS, como o chamam, é acusado de diversas formas. Pela interferência militar da Arábia Saudita na Guerra Civil do Iêmen, por exemplo, apontado como responsável pela morte de civis, ataque a zonas de refugiados etc.

Bin Salman também foi acusado de ordenar a morte do jornalista Jamal Khashoggi. Crítico de seu governo, ele escrevia no Washington Post e foi esquartejado em 2018 após entrar na embaixada saudita na Turquia.

A inteligência Estados Unidos responsabiliza o príncipe herdeiro pelo crime. Em relatório, afirma que membros da segurança pessoal de MBS teriam participado da morte, desmembramento e ocultação do cadáver.

Mas nada disso parece importar para o artilheiro português. Da mesma forma, Neymar, Messi e tantos outros parecem dar a mínima para as acusações de violação dos direitos humanos direcionadas ao Qatar do emir Tamim bin Hamad bin Khalifa Al-Thani.

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