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Mauro Cezar: Caso Fábio, profissionalismo ou paternalismo, o que desejam?
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Causou imensa comoção nas redes sociais a não renovação contratual e consequente dispensa do goleiro Fábio. Ele disputou quase mil jogos (976) pelo Cruzeiro Esporte Clube.
O arqueiro não jogará pelo time Celeste, algo que fez mais do que qualquer outro atleta. Seu desligamento gerou reações diversas, inclusive com manifestação de organizadas.
No mundo corporativo é assim. Todos somos meros números para as empresas, salvo raríssimas exceções. Mesmo os chefes são chutados para fora quando em baixa, já sem poder.
Não estou aqui a defender a frieza dos cortadores de cabeça, dos passaralhistas convictos, nada disso. Mas funciona assim em todas as frentes. Por que seria diferente no futebol?
Sim, a situação poderia ser encaminhada com mais habilidade, o futebol tem suas peculiaridades etc. Mas sejamos realistas, a entrada de dinheiro novo no jogo não sairá de graça.
Se querem times S/A, com donos, não esperem que apenas despejem grana nos clubes. Tudo tem um preço. Além disso, há uma ilusão de torcedores imaginando que tais investidores são sempre generosos.
O Chelsea tem Roman Abramovich, que enriqueceu com o fim da União Soviética e fez do Chelsea seu trampolim para a fama mundial. A torcida dos Blues não costuma se queixar do russo.
Com ele, o time, então de porte médio na Inglaterra, com momentos de grandeza, infiltrou-se entre os maiorais, colecionou títulos no país e ganhou quatro certames europeus. É o atual campeão do continente.
Mas em Londres existem muitos times, um deles, o Charlton Athletic, de 2014 a 2020 foi de propriedade do empresário e político belga Roland Duchatelet. A torcida o detestava com todas as suas forças.
O tradicional clube do sul da capital inglesa foi parar na terceira divisão e o que esperavam do investidor não aconteceu. Foram inúmeros os protestos contra o então também dono de outras agremiações pela Europa.
Quem investe em futebol tem um objetivo, que pode variar. No Cruzeiro, ele parece claro, a meta número 1 é organizá-lo financeira e administrativamente, depois virão outros passos. E isso não é nada fácil, tampouco indolor.
A saída de Fábio gera comoção por seu forte laço com os cruzeirenses. Mas se a mentalidade empresarial, com suas virtudes e defeitos, toma conta, a emoção dá vez à frieza e a guilhotina fica afiada.
Então, por favor, decidam-se: querem clube empresa? Estejam preparados para situações como essa, pois assim é a "vida S/A". E no primeiro momento não alimentem esperanças de times fortíssimos.
Melhor esperar para saber qual é a do seu investidor, se ele está mais para Abramovic ou Duchatelet.
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