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Mauro Cezar Pereira

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Internacional perde na Bolívia. Ramírez já apanha 52 dias após chegar ao RS

21/04/2021 17h59

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O Internacional estreou na Libertadores com derrota, merecida, para o Always Ready, na Bolívia. Os 2 a 0 a 3,6 mil metros de altitude desencadearam uma tempestade de críticas ao treinador Miguel Ángel Ramírez, recém-chegado ao vice-campeão brasileiro.

Mais um exemplo de quão frenéticos e tresloucados podem ser parte de torcida e imprensa em torno dos clubes brasileiros. Ouvindo emissoras gaúchas anotei algumas frases de colorados e integrantes da mídia no dia seguinte à má atuação colorada em Laz Paz. Algumas merecem ser citadas.

"O que querem com esse tal de Ángel? Manda embora esse louco."

"Já começa a haver uma condescendência geral com o Miguel Ángel Ramírez."

"Esse jogo de posição, essa saída de bola lá de trás, me parece que ela tem prazo de validade..."

"Autoria serve para o Celta de Vigo, que não vai disputar campeonato europeu..."

Ora, para que o Internacional contratou o treinador espanhol? Obviamente para colocar em prática uma proposta de jogo mais sofisticada, algo além das ligações diretas e os conceitos do passado que, verdade, quase levaram o time ao título brasileiro de 2020. Mas não levaram.

E uma das razões foi a dificuldade de se impor quando em desvantagem, ou forçado a assumir o controle de uma peleja com a posse de bola. Assim aconteceram a derrota para o Sport e o empate com o Corinthians, ambos no Beira-Rio. O Inter agora quer mais do que isso.

E esse objetivo ficou claro na entrevista do (novo) presidente, Alessandro Barcellos, ao "Dividida" do UOL Esporte. Mas evidentemente isso não acontecerá de forma instantânea. Pode dar errado, pode dar certo, ninguém sabe o que acontecerá. Mas não restam dúvidas: sem tempo não veremos a esperada (e possível) evolução.

Evidentemente os erros do treinador espanhol devem ser apontados, as críticas são pertinentes após um jogo ruim e uma derrota para um time mais fraco que finalizou 21 vezes contra a meta colorada. Mas se fosse para fazer o de sempre, por que contratar Ramírez? E buscar Gustavo Grossi, ex-River Plate, para desenvolver o trabalho na base?

O Inter vive um momento de transição, busca a gestão responsável e o desenvolvimento de um modelo de jogo que faça dele um time mais competitivo em algum tempo. Conclusões precipitadas apenas 52 dias após a chegada do espanhol a Porto Alegre parecem algo insano.

Afinal, é possível criticar o treinador sem condescendência, tampouco com pressa, intolerância e conservadorismo em defesa do mais do mesmo. E se o jogo de posição, com a saída de bola lá de trás, tem prazo de validade, alguém precisa avisar lá na Inglaterra, porque o Manchester City de Pep Guardiola está perto de mais um título da Premier League, vai decidir a Copa da Liga e está nas semifinais da Liga dos Campeões.

E trabalhos autorais fazem parte. Qualquer profissional contratado para colocar em prática um modelo de trabalho o fará à sua maneira, não do jeito de quem o antecedeu, por exemplo. Fato, o Celta de Vigo não costuma disputar campeonatos europeus. Mas o Liverpool, com assinatura de Jürgen Klopp, o Bayern desenhado por Hans-Dieter Flick, e tantos outros times com treinadores que têm seus estilos bem claros disputam. E ganham!

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