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Mauro Cezar Pereira

Ricos mais ricos. Pobres mais pobres. Cenário provável do futebol pós-crise

		 Walter Feldman, secretário-geral da CBF (Foto: Lucas Figueiredo/CBF) 		 - 		 Walter Feldman, secretário-geral da CBF (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
Walter Feldman, secretário-geral da CBF (Foto: Lucas Figueiredo/CBF) Imagem: Walter Feldman, secretário-geral da CBF (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

22/03/2020 21h21

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Nada está sendo feito para preparar o futebol brasileiro, seus clubes, quase sempre endividados, e seus trabalhadores, preocupados como tantos outros. Mesmo em meio a uma crise que sinaliza o mais dramático momento econômico no planeta desde o pós-Segunda Guerra Mundial.

A economia está sendo quase que totalmente desligada, com inúmeras atividades paralisadas, o que projeta cenários aterrorizadores para milhões de empregados e seus empregadores. Especialistas sinalizam que a recuperação de vários segmentos deverá levar anos.

Como escreveu Geraldo Samor, no Brazil Journal, "o restaurante do bairro e a padaria da esquina podem nunca mais reabrir, mas as grandes empresas - quando a tempestade passar - voltarão ainda mais ricas e dominantes". No futebol não deverá ser diferente disso.

Agora, que mergulhamos na crise provocada pelo coronavírus, os raros clubes economicamente saudáveis no futebol brasileiro são os mais aptos a sobreviver sem tantos efeitos colaterais. A maioria procura uma luz no fim do túnel, mas dificilmente a verá.

Caberia à rica CBF (faturou R$ 957 milhões em 2019) socorrer os clubes, elaborar um eficiente plano de contingência. Repaginar o calendário, desenhando diferentes cenários, preparando o futebol para a volta em situações e momentos distintos.

No mundo ideal, a Confederação já estaria cortando na própria (gorda) carne, propondo a redução dos jogos de seleções, com menos Datas Fifa e as eliminatórias sul-americanas da Copa 2022 com redução de partidas. Bastaria dividir os times em dois grupos de cinco.

Mas estamos muito distantes desse panorama generoso, preventivo e de pensamento coletivo. Em entrevista ao Sportv, perguntado se a CBF ajudaria os clubes e ao futebol financeiramente, o secretário-geral Walter Feldman falou em reuniões (sem data definida), em pedido (ao governo) de suspensão do pagamento do Profut (Programa de Modernização da Gestão de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro) etc.

De prático, efetivo, nada. E os clubes praticamente não reagem, não se manifestam. Parecem esperar candidamente pela asfixia que ameaça sufocá-los. A velha subserviência, sempre à espera de um socorro federal de um perdão governamental, de um novo plano que os socorra. Mas desta vez, isso dificilmente será o bastante.