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Marcel Rizzo

Cartolas do futebol brasileiro também acham o coronavírus uma 'fantasia'

Presidente da CBF, Rogério Caboclo (ao centro): entidade vai ter que tomar uma decisão sobre o coronavírus - Alexandre Loureiro/CBF
Presidente da CBF, Rogério Caboclo (ao centro): entidade vai ter que tomar uma decisão sobre o coronavírus Imagem: Alexandre Loureiro/CBF

Colunista do UOL

13/03/2020 11h15

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A comparação não tem que ser feita com a Europa ou com a Ásia, onde o surto do novo coronavírus neste momento é muito superior ao brasileiro. Mas veja o movimento dos nove países vizinhos na América do Sul, que com populações menores têm menos casos registrados do que o Brasil: todos restringiram de alguma maneira seus campeonatos de futebol, ou adiando rodadas ou fechando portões para evitar o acesso dos torcedores e, com isso, diminuir o risco da contaminação.

A impressão que se dá nesse momento é que a cartolagem brasileira acha que o novo coronavírus é uma fantasia, como também pensava o presidente Jair Bolsonaro três dias atrás. Beira a irresponsabilidade nenhuma atitude ter sido tomada até o momento para evitar as aglomerações nos estádios em dias de jogos e essa conta não é só da CBF, mas também das federações, já que estamos com os Campeonatos Estaduais em disputa neste momento.

Nesta quinta (12), o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, disse que a confederação monitora 24 horas a situação do país junto com o Ministério da Saúde e secretarias estaduais. Segundo ele é preciso ter responsabilidade e sensatez e que a orientação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, é que não se cancele eventos esportivos e culturais neste momento. Para Feldman, a ideia é não causar pânico nas pessoas.

Passa de 100 o número de casos confirmados de coronavírus no Brasil - sem morte. Em São Paulo, mais 60 casos foram registrados pelo Hospital Albert Einstein. Há 1.427 casos suspeitos e 1.156 descartados em todo o país.

Em entrevista na manhã desta sexta (13) à rádio BandNews FM, o infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emilio Ribas, disse que o cenário atual com mais de 100 casos confirmados é o chamado estágio 1, onde se orienta as pessoas a evitarem aglomerações. Sim, já estamos nesse ponto. O estágio 2, segundo ele, será quando chegar aos mil casos, o que especialistas dizem que ocorrerá em breve. Nesse ponto, não se orienta mais, mas se proíbe shows, jogos e qualquer evento com muitas pessoas.

A CBF e as federações estaduais estão evitando algo que será inevitável: os campeonatos vão parar ou então os jogos serão disputados de portões fechados. Aposto na primeira opção, seguindo o que está ocorrendo na Europa para poupar atletas e entes que participam da organização da partida. As grandes ligas por lá pararam, assim como a NBA nos EUA.

A pergunta é: se vai ter que parar provavelmente daqui alguns dias, e o prejuízo de calendário e financeiro ocorrerá, por que expor neste momento atletas e torcedores ao risco de contaminação? Não é melhor a precaução antes que o surto piore?

A Conmebol cancelou os jogos da semana que vem da Libertadores principalmente porque a maioria dos países do continente tomou alguma atitude para tentar conter a propagação do vírus. Se dependesse do Brasil a competição prosseguiria normalmente.