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Neymar é desprezado pela Europa e vê Arábia como única saída

Assistindo ao jogo Bahia x Atlético-MG no Premiere, vi a notícia que Neymar acertou por dois anos com o Al-Hilal, da Arábia Saudita.

Numa outra notícia li que ele pediu para o Al-Hilal para jogar emprestado ao Barcelona por uma temporada.

De qualquer maneira, a sua situação foi resolvida indo para o futebol árabe, como muitos jogadores importantes no futebol atual estão escolhendo. Ou melhor, estão escolhendo o montão de dinheiro que os árabes estão oferecendo e pagando para dar um gás num campeonato que, na realidade, nunca teve peso no cenário mundial.

Financeiramente, foi sensacional para o Neymar, mas profissionalmente foi uma queda enorme, até porque ninguém se interessou por ele de verdade.

Não teve propostas e nem conversas concretas com nenhum dos times que andaram soltando na imprensa durante esse tempo todo.

Nada de Chelsea, City, United, Bayern e muito menos do Barcelona, que, além de não ter dinheiro para pagar o PSG, o Xavi não se entusiasmou, até porque para ele a presença de Neymar poderia estragar o ambiente criado entre os jogadores, como ele próprio falou. A tentativa de ir para o Barcelona partiu do staff do Neymar, não do clube catalão.

A falta de interesse dos grandes clubes europeus por ele é o preço do seu comportamento e do fraco desempenho dos últimos anos.

Sua passagem pelo PSG foi frustrante para o clube e para todos os torcedores parisienses porque ele foi contrato para realizar o projeto do clube para ser pela primeira vez campeão da Champions League.

Não conseguiu porque não assumiu e nem entendeu a responsabilidade, muito menos valorizou a expectativa que a torcida criou com ele no time. Mas vou entrar num ponto interessante que começou no início da última temporada. Todos lembram que Kylian Mbappé, na temporada passada, fez algumas exigências para não aceitar a proposta do Real Madrid e, além de escolher o português Luís Campos para diretor de futebol, pediu para que o Neymar saísse.

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Essa história nunca foi desmentida com veemência, era claro que era verdade. Antes dessa temporada, Mbappé não se apresentou e foi cortado da pré-temporada na Ásia e disse que não jogaria mais no PSG mesmo que tivesse que ficar parado por um ano. Recusou o mesmo tipo de proposta que Neymar recebeu da Arábia.

Mas estranhamente no momento em que o PSG anuncia que não quer mais o Neymar, surge também a informação de que Kylian Mbappé foi reintegrado ao grupo de jogadores dizendo que quer ficar mais uma temporada no Paris. As coisas no PSG nunca foram transparentes e não só no caso do Neymar, mas em todos os casos.

É um clube que tem como dono Nasser Al-Khelaïf, do Qatar, que tem como essência achar que tudo se consegue com dinheiro e as relações pouco importam. Mas Neymar se adaptou perfeitamente a esse estilo porque também adquiriu durante a sua vida a mesma essência de acreditar que com dinheiro tudo pode, mas na realidade não é assim.

Você pode ter tudo o que quiser com dinheiro, mas dignidade, respeito, admiração não se compram. Na minha opinião, seria muito mais interessante e criaria um impacto muito maior no mundo se tivesse voltado para o Santos para vestir a camisa 10 do Pelé. Por que ao invés de pedir para ser emprestado para o Barcelona não pediu para ser o Santos?

Para o futebol, para o clube santista e para seleção brasileira seria muito mais importante do que ir para a Arábia Saudita. Fico pensando se o Neymar jogando no futebol europeu, disputando Champions League, sendo campeão francês quase todo ano, mesmo que o Campeonato Francês tenha caído no ranking europeu, não demonstrava interesse e responsabilidade alguma mesmo em Copas do Mundo, como será com ele na Arábia Saudita?

Sendo que ele já falou que gostaria de ir para os Estados Unidos porque lá teria quatro meses de férias e tomou uma invertida do comissário Don Garber, que disse:

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"Não precisamos trazer um jogador de grande nome no final de sua carreira, porque ele decidiu se aposentar na MSL."

Se baseando nisso, como será que Neymar encara jogar na liga saudita de futebol? Bom, tudo isso vamos saber quando ele se apresentar e começar a jogar, mas a minha opinião é a seguinte: ele não se interessa há muito tempo por mais nada que exija empenho e responsabilidade.

Se já estava ruim jogando na Europa, a tendência é piorar ainda mais pela falta de competitividade por lá. Não adianta levar vários jogadores de nome achando que um campeonato virará importante se não tem nenhuma história.

Já vi que Fernando Diniz disse ter o Neymar como a referência do seu trabalho é isso já me assusta porque o Tite também teve por duas Copas seguidas. A meu ver, está na hora de seguirmos por outra estrada.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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