Topo

Tales Torraga

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Por que Álvarez custou ao City tão menos que os atacantes brasileiros?

Julián Álvarez, do River Plate, comemora um de seus seis gols contra o Alianza Lima pela Copa Libertadores - JUAN MABROMATA / AFP
Julián Álvarez, do River Plate, comemora um de seus seis gols contra o Alianza Lima pela Copa Libertadores Imagem: JUAN MABROMATA / AFP

Colunista do UOL

27/05/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Ele entrou para a história da Copa Libertadores ao anotar seis gols nos 8 a 1 do River Plate sobre o Alianza Lima, do Peru, anteontem (25), no Monumental Núñez. Aos 22 anos, Julián Álvarez já está vendido e deve desembarcar no Manchester City em julho.

Eleito o "Rei da América" no ano passado, o atacante do River vai deixar aos cofres do clube de Núñez algo em torno de 18 milhões de euros livres (R$ 92,12 milhões).

A cifra é expressiva — as vendas recordes na Argentina são as de Sergio Agüero ao Atlético de Madri em 2006 (24 milhões de euros) e Lautaro Martínez à Inter de Milão em 2018 (25 milhões de euros).

A coluna publicou em janeiro uma análise sobre as saídas das promessas argentinas à Europa, e o momento é propício para resgatá-la.

No levantamento publicado também pelo jornal "Olé", percebia-se a disparidade na comparação do valor da venda de Julián Álvarez com jogadores brasileiros que sequer haviam terminado de explodir, como Vinicius Júnior, que saiu do Flamengo para o Real Madrid em 2017 por 45 milhões de euros e apenas 17 anos.

Outro exemplo do Real? Rodrygo, com 19, que também custou 45 milhões de euros para deixar o Santos em 2018.

Outros nomes lembrados foram Lucas Moura (do São Paulo ao PSG por 43 milhões de euros em 2012) e Arthur (26 milhões de euros do Grêmio ao Barcelona).

Há também o exemplo de Gabriel Jesus, no próprio City, que gerou ao Palmeiras 32,7 milhões de euros em 2016.

O acerto com Erling Haaland opera com números próprios. O norueguês saiu do Borussia Dortmund custando nada menos que 60 milhões de euros.

Voltando ao mercado argentino, vale citar também Ángel di María (do Rosario Central ao Benfica por 8 milhões de euros em 2007), Gonzalo Higuaín (do River ao Real por 15 milhões de euros em 2006), Leandro Paredes (6 milhões de euros do Boca à Roma em 2013) e Lucas Alario (do River ao Bayer Leverkusen por 17 milhões em 2017).

Os valores são os "líquidos", descontando impostos e taxas.

juli - GettyImages - GettyImages
Julián Álvarez é uma das joias do futebol mundial
Imagem: GettyImages

E as razões?

Uma das principais justificativas para esta disparidade é evidente realidade financeira. O levantamento trazia como uma das conclusões que um time argentino se livra mais facilmente das suas promessas por valores mais baixos — o que não ocorre com um clube brasileiro, que começa a discutir a transferência apenas por quantias mais elevadas.

Outro exemplo que vale ser reforçado é o dinheiro que ronda o futebol brasileiro, cerca de quatro vezes maior que o argentino em premiações e direitos de TV, o que os empresários chamam de "valor da vitrine". Da mesma maneira que um clube grande vende uma promessa por uma quantia bem acima da de um clube menor, isso também ocorre com ligas mais fortes e fracas.

A qualidade posterior demonstrada em campo entre brasileiros e argentinos é sim equivalente.

Basta olhar para o exemplo de Lionel Messi, há mais de 15 anos na elite mundial, e o título argentino na Copa América, para demonstrar a capacidade esportiva dos jogadores do país.

E os argentinos seguem, ainda assim, valendo praticamente a metade dos brasileiros quando o assunto é a transferência dos seus prodígios.