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Tales Torraga

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

O que a eliminação do River Plate na Copa Argentina ensina ao Atlético-MG

Marcelo Gallardo lamenta durante jogo do River Plate - Juan Mabromata - Pool/Getty Images
Marcelo Gallardo lamenta durante jogo do River Plate Imagem: Juan Mabromata - Pool/Getty Images

Colunista do UOL

05/08/2021 07h45Atualizada em 05/08/2021 09h12

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Um 0 a 0 travado e vitória do Boca Juniors por 4 a 1 nos pênaltis. Assim o River Plate se despediu da Copa Argentina na noite de ontem (4). O time comandado por Marcelo Gallardo jogou com o que tinha de melhor e nem assim conseguiu furar a retranca do Boca, que segue no mata-mata vizinho e deixa o River agora 100% focado na Libertadores da América, enfrentando o Atlético-MG nos próximos dias 11 (Monumental) e 18 (Mineirão).

A coluna repassa o que merece ser considerado na derrota de Gallardo e companhia ontem no Estádio Único de La Plata.

Excesso de vontade

O jogo começou com o Boca surpreendendo o River. Mesmo com uma linha de cinco no fundo, era o Boca quem dominava as ações e tentava sufocar o rival. Para impor o seu estilo agressivo e de ataque constante, o River perdeu a dosagem da força e correu risco de expulsão ainda no primeiro tempo - que terminou sem gols, mas com três jogadores com cartão amarelo.

Toada mantida no segundo tempo, o River terminou com seis amarelados (Montiel, Martínez, Enzo, Zuculini e Romero), contra quatro do Boca.

Mas quem mereceu expulsão direta foi o cada vez mais louco Marcos Rojo. Depois de arremessar um extintor de incêndio nos seguranças do Mineirão, ele desferiu uma brutal voadora nas costas de Julián Álvarez - e só amarelinho.

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Marcos Rojo, do Boca, acerta voadora nas costas de Julián Alvarez, do River
Imagem: Reprodução TV

E a criação?

Muita da apatia ofensiva deste River veio da nula atuação dos armadores. O uruguaio De La Cruz logo se apagou. Outro sumido foi Paradela. Substituto de Carrascal (o "Neymar colombiano"), ele produziu igualmente pouco, cedendo lugar ao antigo titular que de novo não justificou a 10 que leva nas costas.

Sem Suárez, sem chances

O River teve uma chance clara de gol com Romero no primeiro tempo, e outras menores ao longo do jogo. Foi pouco. O ataque que brilhava com Matías Suárez e fazia o time "voar", como destacamos na semana passada, desta vez não correspondeu sem o seu craque, lesionado - e que ainda é dúvida para o jogo contra o Atlético-MG, mas cuja presença deve ser confirmada logo mais.

Sem pênaltis, sem chutes de longe...

O River que fracassou nos pênaltis escancarou outra falência deste time: a dificuldade nas bolas paradas. Nem De La Cruz, nem Zuculini, nem Angileri, ninguém: o clube de Núñez que já teve magistrais cobradores de falta (como o próprio Gallardo) hoje não tem quem chute bem a gol com frequência.

Ainda sobre pênaltis, uma péssima novidade para o River: o lateral-direito Montiel, principal cobrador, saiu no intervalo com lesão muscular na perna direita e também é dúvida para a Libertadores. Seria uma baixa considerável.

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Boca comemora classificação nos pênaltis sobre o River na Copa Argentina
Imagem: Divulgação CABJ

Que noite!

A torcida do Boca acordou nas nuvens nesta quinta-feira. Eliminar o River do mata-mata sem um chute a gol (!) teve o efeito de "fantasia sexual", segundo o excelente escritor Juan Becerra, um dos melhores da Argentina, no diário "Olé". Este é o equivalente portenho ao "gol de mão vale dois" ou "roubado é mais gostoso". Para o Boca, vencer o River da maneira que seja é seguir cada vez mais distante da idiossincrasia rival ("a do ganar, gustar, golear"). Quem acha que já conheceu de tudo merece dar uma nova volta por Buenos Aires...