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Rafael Oliveira

Premier League entre ações conscientes e planos malucos

Guardiola comemora bicampeonato inglês pelo Manchester City - John Sibley/Reuters
Guardiola comemora bicampeonato inglês pelo Manchester City Imagem: John Sibley/Reuters

Colunista do Uol

03/04/2020 12h33

O Campeonato Inglês oficialmente não tem data para voltar. A última reunião da Premier League definiu que o recomeço no início de maio é inviável. A prioridade agora é aguardar a liberação das autoridades da saúde e retomar o futebol apenas quando for seguro.

A nota da sexta-feira também anuncia diferentes medidas, respondendo a muitas cobranças. Oferece ajuda financeira aos clubes das divisões inferiores, com 125 milhões de libras (£) para Football League e National League, entidades que controlam as cinco principais divisões abaixo da elite. Mais £20 milhões foram imediatamente destinados ao NHS (o sistema público de saúde) e às comunidades e famílias mais vulneráveis.

Uma cobrança recente na Inglaterra era sobre a falta de uma posição sobre os salários dos jogadores. A Premier League queria um movimento coordenado e as discussões se arrastaram por dias. O novo acordo coletivo prevê 30% de redução, dependendo do ok dos jogadores em cada clube, para utilizar o dinheiro na manutenção dos empregos dos funcionários.

As medidas mostram uma posição muito consciente do papel que uma liga tão relevante deve ter em um momento de crise global. O tom só surpreende pelo contraste com os bastidores.

De acordo com informações do site The Athletic, a guerra de interesses tem gerado planos dos mais diversos. A maioria quer realizar os jogos restantes para concluir a temporada. O principal motivo é o impacto financeiro, já que anular ou encerrar imediatamente o campeonato poderia representar a perda de £762 milhões em direitos de transmissão.

Diante da ameaça financeira e do preocupante cenário britânico na luta contra o coronavírus, as alternativas são pensadas. Entre elas, isolar os elencos em um local "neutro" para fazer uma maratona de jogos sem público. Ou até levar as rodadas finais para a China. O que for necessário para concluir a disputa.

Tudo depende de votação. Nada está definido. A única certeza é que a Premier League levará ao limite a tentativa de realizar os jogos restantes. Por enquanto, há respaldo de Federação Inglesa e Uefa, que já alargaram os prazos para o fim da temporada 2019/20.

As perguntas mais frequentes seguem sem respostas. Darão o título para o Liverpool? Quem cairia? E as vagas europeias? Enquanto Bélgica e Holanda iniciam um movimento para terminar os campeonatos como estavam, a Inglaterra não pretende seguir o caminho. Há muito dinheiro envolvido, o que é compreensível. Ao mesmo tempo, seria uma irresponsabilidade pressionar por um retorno precoce e não parece viável imaginar futebol tão cedo.

Enquanto as propostas seguem a todo vapor nos bastidores, pelo menos a Premier League optou pela imagem pública mais correta, ajudando economicamente na estrutura do futebol do país e reforçando seu papel como mais um veículo de conscientização da sociedade.