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Posse de Bola

Por que Parreira e Felipão não disseram NÃO ?!

Colunista do UOL

13/04/2020 12h49

Rever jogos da seleção brasileira em Copas e acompanhar as reações das pessoas hoje é um exercício interessante. Como diz meu colega Mauro Cezar Pereira, a reprise das derrotas e dos fracassos em Mundiais trariam mais lições do que os triunfos. Mas quem assistiria?

Eu assistiria. O Mauro, provavelmente. Mas e Carlos Alberto Parreira? E Luiz Felipe Scolari?

Por que os dois? Porque os dois especialmente têm motivos de sobra...

Parreira e Felipão foram campeões do mundo (em 94 e 2002, respectivamente). Ambos, ao final das conquistas, decidiram não seguir no comando da seleção e "juraram" não voltar mais. "Eu só teria a perder", disse Felipão, ainda em terras japonesas em 2002. Pois é...

Uma coisa é discutir a decisão de Telê (de 82 para 86), ou de Tite (de 2018 para esse momento). Eles não venceram. Por que não tentar numa segunda oportunidade?

Para quem venceu título importante, tentar repetir o feito representa um risco gigantesco. E Parreira e Felipão quebraram a cara.

Parreira, grandes méritos em 94, não resistiu ao convite da CBF (de quem sempre foi próximo demais) e ao fato de ter nas mãos a melhor geração de jogadores brasileiros desde 1970. Mas a turma ilustre de 2006 não tinha fome de bola. Tinha um outro tipo de fome. E a eliminação para a França foi um tapa na cara, com requintes de Zidane. Tapa na cara que maculou a imagem vitoriosa do treinador.

Pior foi Felipão. Pior porque ele viu de perto o exemplo malfadado de Parreira. Sim. Ele também tinha motivos "irresistíveis", como ser campeão em casa, "vingando a tragédia de 50". Não só não foi campeão, como viveu uma tragédia ainda maior: o 7 x 1 para a Alemanha.

Ver Felipão triunfar sobre os alemães em 2002 e fazer tudo certinho naquela Copa deixa ainda mais inexplicável sua decisão. E torna a pergunta inevitável. Quel Felipão que te vem à cabeça: o de 2002 ou o de 2014?