Pole Position

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GP do Canadá deixou Hamilton decepcionado, Ocon mordido e climão com a FIA

Max Verstappen venceu o GP do Canadá e fechou uma sequência de três finais de semanas difíceis para a Red Bull com duas vitórias, por mais que seu perseguidor mais próximo, Lando Norris, tenha feito uma corrida bastante agressiva para tentar levar a segunda do ano pela McLaren.

Agora, os atuais bicampeões do mundo vão bem mais confiantes para um circuito mais "normal" em Barcelona, na próxima etapa, além de terem a expectativa de um pacote de novidades para o carro, que não se comportou tão bem em circuitos em que era preciso atacar mais as zebras.

Mesmo assim, Verstappen levou mais uma, a exemplo do que tinha conseguido em Imola. Como ocorreu na prova italiana, Lando Norris foi o segundo com a McLaren. A diferença é que essa muito provavelmente seria a posição do pole position George Russell, que acabou conquistando o primeiro pódio da temporada, se ele não tivesse cometido alguns erros ao longo da prova, escapando da pista em duas lutas por posição e também uma terceira vez sozinho.

E olha que a Mercedes esteve mais equilibrada em Montreal, com a nova asa dianteira, que estreou (apenas com Russell) em Mônaco. Mesmo assim, a corrida foi difícil também do outro lado da garagem. Lewis Hamilton saiu do carro se dizendo decepcionado com seu desempenho justamente em uma das pistas em que tem melhor retrospecto. "Por todo o fim de semana, minha performance foi ruim. Foi uma das piores corridas que eu fiz, muitos erros", disse o inglês. "Mas tenho que agradecer à equipe por estarem melhorando o carro. Está se tornando um carro com o qual podemos brigar".

Hamilton se classificou em sétimo, passou por tempo preso atrás de Fernando Alonso, e no final chegou a estar na terceira posição até ser ultrapassado pelo próprio Russell.

Mais um capítulo da rivalidade à francesa

Esteban Ocon, da Alpine
Esteban Ocon, da Alpine Imagem: Divulgação/Alpine

Em mais um capítulo da relação tumultuada de Pierre Gasly e Esteban Ocon, a Alpine pediu para que Ocon deixasse Gasly passar no final porque ele teria mais chances de ultrapassar Daniel Ricciardo, que vinha à frente dos dois.

Esteban inicialmente negou a ordem, mas depois concordou, deixando claro que esperava ter a posição de volta caso Gasly não conseguisse manobra. Mas isso não aconteceu. "Eu sou muito bonzinho. Faço minha parte, vocês não", reclamou o piloto, que já sabe que não faz mais parte dos planos da equipe para o ano que vem.

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Ocon largou em 17º e apostou em não trocar pneus no primeiro período de Safety Car, se segurando na pista com pneus de chuva bem desgastados quando começou a chover pela segunda vez na prova. Isso o alçou aos pontos, mas ele acabou chegando em décimo após atender à ordem.

Climão entre equipes e a FIA

Carro-modelo da Fórmula 1 para 2026
Carro-modelo da Fórmula 1 para 2026 Imagem: Divulgação/FIA

Não pegou bem a decisão da FIA de divulgar detalhes do carro que a Fórmula 1 passará a usar em 2026 antes das regras serem ratificadas pelo Conselho Mundial e, mais importante, antes das equipes chegarem a um consenso se a proposta é factível ou mesmo totalmente segura.

O anúncio do novo carro aconteceu na quinta. No sábado, a FIA convocou uma coletiva de imprensa para tentar abafar uma série de críticas de equipes e pilotos. Nela, ficou claro que a federação corre contra o tempo para conseguir aprovar um regulamento básico que ainda será refinado até que as equipes possam começar a desenvolver efetivamente os carros em janeiro de 2025.

"Não tenho nenhuma preocupação com essas questões levantadas. Temos plena expectativa de dar alguns passos em termos de desempenho. E é exatamente por isso que estabelecemos um padrão razoavelmente baixo para começar, para que possamos desenvolver isso, com a colaboração das equipes. Não acho que haja qualquer preocupação de que esses carros não vão ser mais rápidos que a F2 ou algo assim. Acho que isso estará 100% resolvido quando chegarmos ao regulamento final", disse o diretor de monocoques da FIA, Nikolas Tombazis.

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Ou seja, a FIA sabe que o regulamento que vai para aprovação no final de junho tem suas falhas. O carro é lento nas curvas, potencialmente até rápido demais nas retas, e não há garantia nenhuma de que os 30kg de diminuição no peso mínimo sejam realmente factíveis.

Além disso, tudo o que cerca o uso de aerodinâmica ativa ainda precisa ser mais estudado, segundo as equipes. Eles temem pela segurança dos pilotos, depois que simulações mostraram que os carros podem ficar muito ariscos quando as asa dianteira e traseira mudam para uma configuração que gera menos resistência ao ar. A FIA garante que tudo é muito fácil de controlar, como o sistema atual de DRS, mas está aberta a fazer mudanças.

O que eles não querem é ceder às pressões das equipes e acabar perdendo uma chance de fechar algumas lacunas que as equipes encontraram no último regulamento e que aumentaram a turbulência gerada pelos carros.

Mas a tensão deste fim de semana no Canadá lembrou o que aconteceu justamente em Montreal há dois anos. Quem assiste a série da F1 na Netflix, Dirigir para Viver, se divertiu com o bate-boca entre os chefes de equipe, quando Toto Wolff tentava mudar o regulamento dizendo que havia uma questão de segurança nos saltos que (nem todos) os carros davam nas retas. A discussão acaba com Christian Horner dizendo que era Toto quem tinha que mudar o carro e o austríaco respondendo que tinha provas impressas de que Sergio Perez estava também reclamando do carro da Red Bull (que nunca sofreu com tais saltos).

Não se sabe se a reunião deste fim de semana gerou outro momento precioso como este, mas os próximos meses prometem ser movimentados no escritório de Tombazis.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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