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Desfecho do batida indica que não será a última polêmica entre Max e Lewis

Câmera on-board do carro de Hamilton mostra o exato momento do choque com Verstappen no GP da Inglaterra - Twitter/Fórmula 1
Câmera on-board do carro de Hamilton mostra o exato momento do choque com Verstappen no GP da Inglaterra Imagem: Twitter/Fórmula 1

Colunista do UOL

30/07/2021 04h00

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Após a Federação Internacional de Automobilismo rejeitar o pedido de recurso da Red Bull que tentava aumentar a punição de Lewis Hamilton pelo toque com Max Verstappen na primeira volta do GP da Grã-Bretanha, pelo menos uma coisa ficou clara: essa não será a última polêmica da temporada.

Falando pela primeira vez desde a batida, Verstappen se mostrou surpreso pelo fato de os comissários terem considerado Hamilton "predominantemente" culpado pela batida, ou seja, entendendo que ele, Max, também teve culpa.

"Não acho que fiz nada de errado. Estávamos disputando de forma dura, aquela curva é muito rápida, e não sei como eu tenho parte da culpa. Ele tenta a manobra, se compromete a fazer aquela manobra. Claro que eu tento dificultar a vida dele e, assim que ele vai para o meu lado de dentro, eu abro a curva para deixar espaço. Ele esperava que eu saísse completamente da curva para manter minha posição?", questionou o holandês, que sofreu um forte impacto após o toque, chegou a passar por exames no hospital, mas logo foi liberado e está confirmado para a etapa deste fim de semana no GP da Hungria.

Batida - Reprodução/F1 - Reprodução/F1
Max Verstappen leva a pior em toque com Lewis Hamilton, roda e abandona GP de Silverstone de Fórmula 1
Imagem: Reprodução/F1

Hamilton, por sua vez, não acredita que fez nada de errado na manobra. "Eu faria exatamente a mesma coisa que fiz da última vez. Em relação a como eu revi o lance, analisei e, com toda a minha experiência, e eu tenho muita experiência após todos esses anos, eu não mudaria."

Se ambos continuam achando que tinham direito de fazer a curva da maneira que fizeram - Hamilton tinha pego o vácuo de Verstappen e colocou por dentro na Copse, curva feita a 280km/h, em lance no qual, se nenhum dos dois desistisse, seria difícil evitar o contato - não será a última vez que eles vão se encontrar na pista. Esse tipo de comportamento que ambos adotaram de deixar para o rival a decisão de evitar um toque não é novidade na carreira deles e muito menos na história da F1, mas até aqui não tinha acontecido, mais por ações de Hamilton, do que de Verstappen, neste ano em que eles estão disputando diretamente a liderança do campeonato.

Com 33 pontos de desvantagem na largada em Silverstone, o inglês resolveu endurecer o jogo e agora veremos qual a reação de Verstappen, um piloto que era muito agressivo no começo de carreira, mas que não vinha se envolvendo em toques, algo que ele inclusive destacou, dizendo que não tem pontos de punição em sua superlicença (ou seja, não foi punido nos últimos 12 meses, enquanto Hamilton tem quatro pontos). Dois destes pontos vieram justamente na punição que ele sofreu pelo lance de Silverstone, somando-se aos 10s que levou na corrida, vencida pelo inglês.

Recurso causou irritação na Mercedes e "preocupação" de comissários

A Red Bull tentou aumentar essa punição de 10s, entrando com um pedido de revisão de pena junto à FIA, o que foi julgado improcedente nesta quinta-feira, o que mantém o resultado da corrida e os oito pontos de diferença entre Verstappen, que segue líder, e Hamilton.

Entretanto, um ponto que não foi totalmente esclarecido foi a motivação para a seguinte frase no documento oficial publicado pela FIA comunicando que o recurso era improcedente: "Os comissários apontam, com certa preocupação, algumas alegações feitas na carta do competidor". Isso é algo incomum de ver em documentos oficiais e ajuda a explicar a reação da Mercedes, ao divulgar uma nota oficial dizendo que "esperamos que esta decisão marque o fim da tentativa do comando da Red Bull manchar a reputação e a esportividade de Lewis Hamilton, o que foi incluído nos documentos submetidos para seu pedido de revisão."

Não há mais detalhes em relação ao que a Red Bull apresentou na carta. O que está documentado é que, entre as evidências apresentadas estavam os dados de GPS de Hamilton em sua ultrapassagem em cima de Charles Leclerc a duas voltas do fim da corrida, em comparação com sua linha adotada no choque com Verstappen, que aconteceu na mesma curva. E também os dados computados pelo piloto de testes Alex Albon na quinta-feira depois do GP: o tailandês foi à pista com o carro de 2019 tentando emular os traçados dos pilotos envolvidos para provar que Hamilton não conseguiria fazer a curva sem o toque.

No documento oficial em que divulgou que o recurso não fora aceito, a FIA escreveu que as novas evidências foram "produzidas" e não "descobertas".

O caso de Silverstone, portanto, está fechado, mas neste fim de semana Verstappen e Hamilton se encontram na pista de Hungaroring, onde a Red Bull do holandês, pelo menos no papel, deve ser melhor, mas em que a Mercedes do inglês dominou nos últimos anos.