Pirelli descarta que desgaste tenha causado estouro no pneu de Verstappen

O GP do Azerbaijão não desapontou: uma corrida famosa pelos momentos dramáticos e pelas ultrapassagens mais uma vez teve um pouco de tudo. A prova foi vencida por Sergio Perez, da Red Bull, depois que seu companheiro, Max Verstappen, bateu quando liderava a quatro voltas do final, e seu rival na disputa pelo título, Lewis Hamilton, cometeu um erro arriscando tudo para superar Perez na relargada no finalzinho da prova.

Mas todo esse drama só aconteceu por um estouro no pneu de Max Verstappen, o que também já tinha acontecido com Lance Stroll. Ambos estavam com o composto duro, com o qual previa-se que seria possível fazer até mais de 40 voltas. No caso de Stroll, a falha aconteceu após 31 voltas e, de Verstappen, 35.

Em entrevista após a prova, o chefe de automobilismo da Pirelli, Mario Isola, afastou a possibilidade de que os pneus tenham tido problemas por terem sido usados por muitas voltas e trabalha com a possibilidade de que detritos na pista tenham causados ambos acidentes.

"Vamos mandar os pneus para nosso laboratório em Milão para que eles sejam analisados, mas em nossa vistoria preliminar após a prova, tanto dos pneus que estouraram, quanto dos demais, creio que podemos afastar a possibilidade de que isso tenha acontecido por conta de desgaste", disse Isola.

Alguns fatores contribuem para esta conclusão inicial: os pneus usados pelos outros pilotos, e que também tinham sido utilizados por mais de 30 voltas, não apresentavam problemas graves de desgaste, as duas equipes que tiveram as falhas reportaram que não havia nenhum sinal de que havia algo errado, como vibrações, por exemplo e, principalmente, o pneu que estourou nos dois carros foi o traseiro esquerdo, e não o traseiro direito, que é aquele que mais sofre na pista de Baku.

"Além disso, encontramos um outro corte, bastante grande, de 5 ou 6cm, no pneu de Hamilton. E ali está claro que é um corte que vem de fora para dentro, o que corrobora com a teoria de que eles passaram por cima de algum detrito. Isso já aconteceu aqui no mesmo lugar com Valtteri Bottas", disse Isola, referindo-se a outro final emocionante em Baku, em 2018, quando o finlandês era o líder e sofreu o furo a três voltas do fim.

Isola, no entanto, admitiu que é mais difícil entender o que aconteceu com Stroll, "já que não tínhamos tido incidentes até aquele momento, mas o Max pode ter pegado algo da Aston Martin. Não quero apontar o dedo para a pista de Baku. Em circuitos de rua, é mais normal que os detritos fiquem na pista."

As falhas colocam pressão na Pirelli porque os carros da Fórmula 1 passaram por algumas mudanças neste ano que foram pedidas pela fornecedora justamente para evitar furos por conta de desgaste excessivo. Uma série de decisões tomadas desde o final de 2019 fez com que os pneus de 2021 fossem praticamente os mesmos desenvolvidos no final de 2018, ao passo que os carros ganharam muito em performance. E, para tentar frear um pouco os carros e reforçar os pneus, foram feitas alterações nas regras do assoalho, asas traseiras e dutos de freio, além da adoção de uma construção reforçada por parte da Pirelli.

A prova começou com Charles Leclerc largando na pole, mas logo sendo ultrapassado por Lewis Hamilton. O inglês, contudo, perdeu a ponta e a segunda posição para as duas Red Bull, com Max Verstappen em primeiro e Sergio Perez, que largou em sétimo, em segundo. Após o acidente de Verstappen, a corrida chegou a ter uma relargada, na qual Hamilton foi para cima de Perez, mas passou reto na primeira curva, terminando fora dos pontos.

Com o resultado, Verstappen acabou mantendo os quatro pontos de vantagem no campeonato que tinha em relação a Hamilton. E Perez subiu para terceiro na tabela, em sua primeira vitória pela Red Bull. Sebastian Vettel, que largou em 11º, foi o segundo colocado, e Pierre Gasly colocou a AlphaTauri em terceiro.