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GP encurtado divide opiniões: Hamilton vê menos poluição sem treinos livres

Momentos iniciais do Grande Prêmio de Eifel, que acabou tendo só dois dias de atividades de pista - Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Momentos iniciais do Grande Prêmio de Eifel, que acabou tendo só dois dias de atividades de pista Imagem: Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Colunista do UOL

14/10/2020 04h00

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Era para a Fórmula 1 ter testado um novo formato somente no final de outubro, na etapa de Imola, na Itália, mas quis a neblina no circuito de Nurburgring, na última sexta-feira, que pilotos e equipes tivessem uma prévia de como é encarar um GP sem o primeiro dia de treinos livres. E a experiência dividiu opiniões: para alguns pilotos, como Romain Grosjean, quanto mais tempo na pista, melhor. Para outros, como Charles Leclerc, as 4h de treinos livres do formato atual são um exagero. E Lewis Hamilton lembra que, quanto menos tempos os carros estiverem na pista, menos poluição estarão causando.

O formato que a Fórmula 1 já adota a bem mais de uma década tem dois treinos livres de 1h30 na sexta-feira e outro, de 1h de duração, no sábado, pouco antes da classificação. A ideia é que as equipes tenham tempo de testar novidades para os carros, fazer simulações de classificação e de corrida, e depois possam analisar os dados e testar possíveis mudanças no sábado pela manhã.

Como as tentativas da dona dos direitos comerciais da categoria, a Liberty Media, de ampliar o calendário têm esbarrado no temor das equipes de sobrecarregarem seus profissionais, uma solução seria mudar esse formato, diminuindo-o para dois dias de atividades de pista, e um dia (que, atualmente, é a quinta-feira) destinado às entrevistas e eventos de marketing.

Isso seria testado em Imola, com uma sessão de 1h30 de treino livre no sábado, logo antes da classificação. Porém, a neblina que impediu a realização dos dois treinos livres em Nurburgring fez com que a Fórmula 1 acabasse "testando" ter um dia a menos de atividades. E muita gente não sentiu falta.

"Eu gostei bastante de ter só um treino livre e ir direto para a classificação, achei que um treino só é suficiente", defendeu o ferrarista Charles Leclerc. Seu companheiro, Sebastian Vettel, disse preferir ter mais tempo com os engenheiros. "Para nós, não muda muita coisa, mas o problema é que você não tem tempo para tentar outras coisas em termos de acerto para o carro. Você perde aquela noite de sexta para sábado em que analisa os dados, e isso coloca mais foco na preparação que faz antes da corrida. E, obviamente, as pessoas não viriam, então é um dia a menos na programação e não sei qual o impacto. Eu prefiro me livrar das quintas-feiras!", disse o alemão, referindo-se às entrevistas.

Embora a maioria dos pilotos, como Daniel Ricciardo e Esteban Ocon, concorde com Leclerc, os dois pontos levantados por Vettel são os centrais nesta discussão: os engenheiros reclamam que, com menos treinos livres, seu trabalho fica prejudicado. E os promotores não gostam da ideia de venderem ingressos para um dia a menos de atividades.

"Tira parte da previsibilidade porque você tem menos tempo de otimizar seu carro, você tem menos informações sobre os pneus e tem de confiar mais em suas ferramentas. É um conceito interessante. Vai ser bom termos isso de novo em Imola para ter mais amostras [do que esperar]", afirmou o chefe da Red Bull, Christian Horner.

Como outras propostas para diminuir a previsibilidade das corridas são bem mais polêmicas, como a adoção de uma corrida de classificação com a ordem inversa do campeonato para definir o grid em algumas etapas, é possível que as equipes aceitem o novo formato até mais facilmente que os promotores: a Liberty Media quer expandir o campeonato para aumentar a receita da F1, sabendo que os atuais contratos de TV não serão renovados nos mesmos patamares financeiros. E os promotores, por sua vez, não vão querer diminuir sua margem de lucro perdendo um dia de atividades de pista.

Pelo menos o hexacampeão Lewis Hamilton, prestes a se tornar o maior vencedor da história da categoria, tem um argumento forte. "Amo pilotar, mas acho que tem muita coisa positiva. Primeiramente, são 22 dias [a temporada 2020 teria, originalmente, um recorde de 22 provas, mas terá apenas 17 devido ao coronavírus] na pista poluindo o ar, o planeta, e isso é positivo. E, segundo, é muito mais difícil para nós, porque normalmente temos muito tempo para tentar acertos diferentes no carro e analisá-los."

Uma vez que o objetivo da Liberty Media é que a F1 neutralize todo o carbono que produz (incluindo as viagens dos torcedores para ver as corridas) até 2030, diminuir o tempo de pista dos carros pode ser um alento, embora a maior parte das emissões venha das viagens de uma etapa a outra.