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Largada e estratégia deixam Hamilton tendo de mostrar serviço na Rússia

Lewis Hamilton e Valtteri Bottas após a definição do grid para o GP da Rússia - Steve Etherington/F1 Pool
Lewis Hamilton e Valtteri Bottas após a definição do grid para o GP da Rússia Imagem: Steve Etherington/F1 Pool

Colunista do UOL

26/09/2020 15h04

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Até o início da segunda parte da classificação, o GP da Rússia se desenhava como uma dobradinha tranquila da Mercedes, em um dos circuitos em que o time teve mais sucesso nos últimos seis anos. Até que Lewis Hamilton se complicou e acabou tendo de mudar sua estratégia para a corrida.

Hamilton primeiro teve uma volta deletada porque saiu da pista. Quando tentou fazer a volta de novo, para passar para a definição do top 10, Sebastian Vettel bateu e provocou uma bandeira vermelha que interrompeu a sessão com 2min15 para o final. Sem mais jogos de pneus médios, com os quais planejava fazer o Q2 para usar o mesmo jogo na primeira parte da prova, como determina a regra, Hamilton teve que colocar os macios.

Com isso, ele vai largar com os pneus que se degradam muito mais rapidamente que os médios, com os quais o segundo colocado Max Verstappen e o terceiro, Valtteri Bottas, vão largar.

Por conta disso, mesmo tendo a vantagem da aderência adicional do pneu macio nos primeiros metros, Hamilton saiu da classificação duvidando que será fácil vencer pela 91ª vez na carreira. "É legal estar na pole mas provavelmente é o pior lugar para largar na pole, principalmente com esses carros porque o efeito do vácuo é grande. Provavelmente os dois vão me passar na largada. E meus dois rivais estão largando com o pneu médio. São duas coisas que vão fazer com que seja difícil vencer. Mas eu vou tentar ficar positivo e ver o que dá para fazer."

A julgar pelo que o chefe de Hamilton, Toto Wolff, disse após a classificação, Hamilton não vai ter muita saída a não ser abrir caminho no meio do pelotão. Apesar de Sochi ser uma pista em que é difícil ultrapassar, ele tem o melhor carro possível para isso. "Depois de algumas voltas, o pneu macio vai perder muito rendimento e isso provavelmente significa que toda a sua corrida vai ser comprometida porque ele vai ter que parar cedo e vai voltar no tráfego. Não é das melhores situações. Mas Lewis é o piloto que melhor ultrapassa no grid e ele foi o piloto mais rápido na pista hoje", salientou Toto.

Um olho na estratégia, outro na largada

As equipes falam que é possível fazer apenas uma parada caso o ritmo seja administrado, ou então será necessário parar duas vezes, mas sabe-se que, em Sochi, eles vão tentar evitar isso ao máximo devido a dois fatores: por ser uma pista praticamente de rua, o limite de velocidade no pitlane é de 60km/h, o que faz que a perda no pit stop seja grande. E trata-se de um circuito em que é notoriamente difícil de ultrapassar, já que a pista fica muito suja fora do traçado ideal.

Mas é claro que é mais fácil administrar os pneus liderando a corrida, e isso é fundamental para as chances de Hamilton. Se Bottas conseguir repetir o que fez em 2017, saindo de terceiro para primeiro na freada da segunda curva, dificilmente perderá a corrida, já que isso significa que Hamilton terá de tentar administrar seus pneus macios sem conseguir ditar o ritmo na frente.

Depois de pegar o vácuo de Bottas na classificação, Max Verstappen surpreendeu e conseguiu se colocar entre as Mercedes. A Honda garante que resolveu o problema que tirou o holandês de combate nas duas últimas corridas, e o ritmo de corrida da Red Bull costuma ser mais próximo ao da Mercedes relação à classificação. A segunda posição no grid, não é tão boa por ser na sujeira, mas Verstappen não tem o que perder. "Se a gente conseguir uma largada boa, o efeito do vácuo é muito forte neste circuito. Não dá para saber o que vai acontecer na curva 2, e também vai ser interessante ver o que vai acontecer com os pneus", salientou o piloto.

Citado por todos os pilotos, o vácuo de fato costuma ser importante em Sochi na largada, e todo esse desenho de uma corrida com poucas ultrapassagens dá mais motivos para os pilotos arriscarem nos primeiros metros.

Redenção de Perez e McLaren "sensível"

Irritado com a maneira como vem sendo tratado na Racing Point após a confirmação de que não seguirá na equipe, Sergio Perez conseguiu um quarto lugar no grid com o carro desatualizado em relação ao que o companheiro Lance Stroll está usando neste final de semana. O canadense teve um problema de superaquecimento da unidade de potência e larga fora do top 10, dando a chance para o mexicano mostrar serviço.

Seu rivais na prova devem ser as McLaren e as Renault. E o quinto colocado, Carlos Sainz revelou que ele só pode fazer uma previsão de como será sua corrida quando estiver indo para o grid. "Nosso carro muda muito dependendo da condição do vento. No último treino livre, estávamos andando em um ritmo de disputar o pódio, e depois o vento aumentou na classificação e, se continuar igual na corrida, a posição em que estou largando é o máximo para nós."

A Renault deve crescer na corrida e entrar nesta briga com as McLaren e Perez mas, largando na segunda metade do top 10, eles ficam mais expostos aos pilotos que devem fazer uma estratégia semelhante aos ponteiros. Quem larga a partir de 11º, posição de Charles Leclerc, pode escolher com que composto largar, e a opção deve ser pelos médios. Com isso, quando os demais pararem, estes pilotos vão conseguir correr de cara para o vento, fazendo seu próprio ritmo, por mais tempo.

Por fim, será a primeira corrida da temporada com uma cara de mais normalidade em relação à presença do público. Em Mugello, o limite era de 2880 pessoas por dia. Em Sochi, 32 mil entradas foram colocadas à venda e a presença era boa no sábado. Há dúvidas em relação a como o público russo vai reagir à manifestação antirracista que a F1 faz antes da largada, mas neste sábado Lewis Hamilton, que tem se engajado fortemente pela causa, foi aplaudido pelos fãs, e inclusive destacou ter visto alguns torcedores com máscaras com dizeres antirracistas.