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Fabíola vive experiência de jogar com filha e quer pôr Recife na Superliga

Ao longo de um quarto de século de carreira, Fabíola viveu de tudo no vôlei. Jogou por quase todos os times importantes do país, passou por Rússia, Suíça e Polônia, e agora está tendo uma experiência raríssima: ela divide a quadra com a própria filha.

A levantadora Fabíola, aos 41 anos, e a líbero Andressa, aos 17, são respectivamente a jogadora mais velha e a mais jovem do elenco do Recife Vôlei, time que terminou a fase de classificação da Superliga B em segundo lugar e faz um playoff de três jogos, a partir de hoje (25), contra o Abel Moda Vôlei/Brusque, por um lugar na Superliga A.

"É a primeira vez que jogo a Superliga B, primeira vez também que jogo no Nordeste. É algo diferente, eu gosto de desafios, e estar junto com a minha filha é ainda mais legal. A gente passa 24 horas do dia juntas, e estamos nos divertindo muito, aproveitando", diz Fabíola.

A exceção é só quando o time viaja para jogar fora de casa. Aí, cada uma fica com a turma da sua idade. "Tem sido incrível conviver 24h do dia com ela. Até porque minha mãe por muito tempo precisou ficar ausente por causa das viagens, principalmente na época da seleção. Minha mãe tem me ensinado muito, e sou muito grata a Deus por essa oportunidade de jogar ao lado dela", diz a ainda adolescente, que é a líbero reserva da equipe.

De mãe para filha

Andressa é a filha mais velha de Fabíola. Nasceu quando a levantadora, então aos 23 anos, estava jogando pelo Brasil Telecom, de Brasília. Um mês depois de dar à luz, estava em quadra de novo. "Eu não tive aquele período de cinco meses, o início, que tem que amamentar, cuidar do bebê, que é o mais difícil. Engravidar na temporada com contrato é difícil para o clube, difícil para você. São 'N' coisas que têm que ser melhoradas para que a gente como atleta tenha um respaldo, tenha onde se segurar caso aconteça de engravidar."

Fabíola depois engravidaria de novo em 2015, quando havia acabado de chegar ao Volero, um tradicional clube suíço. Recebeu todo o apoio do mundo dos europeus, mas precisou de novo voltar às quadras com Annah Vitória tendo apenas um mês de vida.

Na época, a gravidez, o parto, a recuperação, tudo foi acompanhado de perto pela imprensa e pela torcida. Annah Vitória veio ao mundo de parto normal em 16 de maio de 2016, permitindo à mãe uma recuperação relâmpago para se apresentar à seleção brasileira de bebê no colo e integrar a equipe que foi às Olimpíadas do Rio, quatro anos após um corte na lista final para Londres.

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Imagem: Glauciene Peixoto/Vôlei Recife
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Cidadã do mundo

Sem abandonar a carreira, Fabíola levou as filhas para onde fosse. Desde que Andressa nasceu, a mãe já jogou em Belo Horizonte (Minas), Brusque, São Paulo (Pinheiros), Osasco, Krasnodar (Rússia), Zurique (Suíça), Bauru (Sesi), Rio (Sesc/Flamengo) e Police (Polônia).

A hoje líbero começou a carreira cedo, aos 10 anos. Jogou no Volero, fez a base no Fluminense, e terminou a formação no Bradesco, em Osasco. No início da temporada, se juntou à mãe pela primeira vez como companheira dela, no "Campinas Vôlei", um projeto malsucedido do Instituto Tandara Caixeta, que não pagou ninguém e só durou o Campeonato Paulista.

"O vôlei que perde com isso, mas me deu a possibilidade de vir para Recife, continuar jogando com ela, ver ela crescer, trabalhar com outras pessoas. Mas é triste ainda acontecer isso. Aconteceu no Campinas, e tem outros times que estão nessa situação", lamenta Fabíola, sem citar nomes.

Paixão pelo vôlei

A breve história do Campinas foi marcada pela coqueluche que foi a reestreia de Jaqueline, que lotou o Taquaral. Recifense, a pernambucana foi convidada a também jogar pelo Recife Vôlei, mas não topou. Mesmo assim, o Geraldão tem ficado bem cheio para as partidas do time, com recorde de 3,2 mil pessoas na segunda divisão.

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"As pessoas gostam muito, a gente está muito feliz. Ter esse carinho das pessoas está sendo fantástico. Quando eu cheguei no Nordeste, eu não tinha a dimensão do tanto que as pessoas eram apaixonadas. Acaba o jogo e eles esperam a gente um tempão para tirar uma foto", diz Fabíola.

Já são 10 anos desde a última (e única) vez que um time do Nordeste jogou a Superliga Feminina. O tabu pode cair com o acesso do Recife. Antes, porém, a final da divisão de elite deste ano, em jogo único, será exatamente no Geraldão. Parte do público do vôlei nas redes sociais reclamou da escolha, já que os candidatos a finalistas são times do Sudeste, mas Fabíola gostou.

"Essa final da Superliga em Recife é um marco. A população de Recife e os pernambucanos gostam muito de vôlei. A cidade merece receber uma final dessa, entre melhores do país, vai ser uma festa linda. O prefeito está investindo no esporte da cidade e vai fechar com chave de ouro essa final da Superliga", opina a levantadora, sem citar nominalmente o prefeito João Campos (PSB).

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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