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Matheus Lima faz índice, e 4x400m pode sonhar com medalha em Paris

O principal resultado do atletismo brasileiro neste sábado (e, possivelmente, do fim de semana todo), veio não do Campeonato Mundial Indoor, mas de um torneio da Federação Paulista. Nele, no Centro Olímpico, o garoto Matheus Lima, 20 anos, fez índice olímpico nos 400m rasos.

A marca foi ótima: 44s52, ainda mais para quem era, pelo menos até o ano passado, especialista nos 400m com barreiras. Em toda a história, só outros dois sul-americanos foram melhores. Um, o colombiano Anthony Zambrano, prata olímpico em Tóquio. O outro, o brasileiro Sanderlei Parrela, vice-campeão mundial e técnico de Matheus.

O trabalho da dupla é de primeira prateleira. Escrevi sobre no Pan. Até 2021, Matheus treinava na rua, literalmente, em Fortaleza (CE). Só começou a treinar em pista (de terra) quando mudou para Maceió (AL), em 2022. E chegou a uma pista sintética no começo do ano passado, quando Sanderlei passou a treiná-lo, em Bragança Paulista (SP).

Em um ano, Matheus já se tornou medalhista de prata no Pan e, agora, o terceiro mais rápido da história da América do Sul e vice-líder do ranking mundial. É um fenômeno, aos 20 anos.

E o desempenho dele muda também de status o revezamento 4x400m masculino do Brasil. Afinal, Matheus é o terceiro a fazer índice. Em julho do ano passado, Alison dos Santos correu o 400m rasos quando voltava de lesão e fez 44s73 — em 2022, tinha 44s54. Lucas Carvalho marcou 44s79 no Campeonato Sul-Americano.

Alison, o Piu, tem perna e nível para brigar por coisas grandes nos 400m rasos, mas a prova é concomitante com os 400m com barreiras nas Olimpíadas. Por isso, ele nem cogita corrê-la em Paris. E, como o revezamento 4x400m nunca brigou por coisas grandes, ele também não vem se colocando a disposição para corrê-la.

Não tenho informação se ele tem planos de rever essa ideia, mas deveria. Somando os tempos dos quatro melhores brasileiros (os três com índice e Lucas Vilar) nos últimos 12 meses, dá 2min59s42. Prata no Mundial do ano passado, a França tem, na mesma soma, 3min01s07. A Grã-Bretanha, bronze, 3min00s23.

Três corredores na casa de 44 segundos é coisa só para a elite da elite nos 400m. Em todo o ciclo olímpico, só Botsuana, Jamaica e EUA conseguiram mais do que isso. África do Sul, potência da prova, também teve três.

Em Paris, as eliminatórias do 4x400m masculino vai ser na manhã do dia 9 de agosto. Na noite deste dia, acontece a final dos 400m com barreiras, que Piu deve correr. Depois, na noite seguinte, é a final do revezamento. Poupando Piu nas eliminatórias, em tese dá para pensar em tê-lo na final do 4x400m. Na pior das hipóteses, estará cansado e não entregará o melhor resultado possível. Na melhor, ajudará o Brasil na briga por uma medalha.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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