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Olhar Olímpico

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Semenya dribla proibição e vai correr o Mundial de Atletismo

Caster Semenya, da África do Sul, antes dos 800m rasos no Mundial de Londres - David Ramos/Getty Images
Caster Semenya, da África do Sul, antes dos 800m rasos no Mundial de Londres Imagem: David Ramos/Getty Images

08/07/2022 17h58

Mesmo proibida de correr provas de 400m, 800m e 1.500m, suas especialidades, Caster Semenya vai participar do Campeonato Mundial de Atletismo, que começa na semana que vem em Eugene (Oregon), nos Estados Unidos. A sul-africana conseguiu hoje (8) uma vaga nos 5.000m e fará sua estreia nesta distância em um grande evento.

Semenya, que foi bicampeã olímpica e tricampeã mundial nos 800m, está proibida pela World Athetlics de correr nesta distância desde 2019. A entidade internacional entende que ela tem uma vantagem injusta nas provas de meio-fundo pelo fato de ter nascido com hiperandrogenismo — o corpo dela naturalmente produz mais testosterona do que a média das mulheres.

A corredora de 31 anos, com apoio de organismos de defesa dos direitos humanos, apelou em todas as instâncias possíveis, mas não conseguiu reverter a decisão da World Athletics. Por isso, desde 2019, ela só corre em distâncias que não de 400m, 800m e 1.500m. Em 2020, chegou a tentar carreira como velocista, correndo nos 200m rasos, sem sucesso.

No ano passado, mudou de estratégia e passou a disputar provas mais longas, de 5.000m. Nesta temporada, foi segunda colocada no Campeonato Sul-Africano, com 15min31s50, mas não fez o índice mínimo exigido para o Mundial, que era 15min10s00.

Ela passou então a depender do ranking de pontos, que combina tempo, classificação na prova e nível do evento. Sem convite para provas importantes, Semenya inicialmente não conseguiu pontos suficientes para ter um lugar no Mundial, o que mudou com as realocações anunciadas nesta sexta. A federação da África do Sul já confirmou que ela vai aos EUA e participará do torneio, voltando a um Mundial depois de cinco anos.

O Brasil

O Brasil terá 58 atletas no Mundial, um recorde. O país se valeu do fato de ter um evento importante do circuito mundial, o GP Brasil, que teve a participação de poucos estrangeiros, o que valeu muitos pontos para os atletas brasileiros. E a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) tem a política de convocar todos os atletas que têm vaga.

A entidade chegou a deixar de fora da convocação Vitória Sena, que seria reserva do 4x400m misto. Mas a pressão da comunidade do atletismo foi tanta, já que os critérios de convocação exigiam seu nome na lista, mesmo que ela não corra no Mundial, que a CBAt voltou atrás.

Com 58 atletas, o Brasil só terá delegação maior que Austrália, Grã-Bretanha, Alemanha, Jamaica, Japão e EUA. A maior chance de medalha é com Alison dos Santos, o Piu, nos 400m com barreiras. Ele lidera o ranking mundial e o atual campeão olímpico e recordista mundial, o norueguês Warholm, está machucado e não vai competir.