Governo fura boicote e enviará delegação para competir na Rússia
O governo brasileiro decidiu furar um boicote internacional ao esporte da Rússia e irá enviar uma delegação a Kazan para participar do BRICS Games, uma competição entre países do bloco BRICS, no mês que vem. A tendência é o Brasil competir em 14 modalidades, mas os critérios de convocação não foram anunciados.
O BRICS Games está em sua quinta edição, mas nunca reuniu mais que 500 atletas de uma só vez. Este ano o cenário mudou, porque a Rússia aproveita sua passagem pela presidência do bloco para organizar uma competição que a recoloque no cenário internacional, sem que o Comitê Olímpico Internacional (COI) possa interferir.
No movimento olímpico, a Rússia segue punida por ter descumprido a tregua olímpica ao invadir a Ucrânia no início de 2022. Por isso, não poderá ter representação nos Jogos Olímpicos de Paris, ainda que atletas russos tenham sido autorizados a competirem como neutros. Cidadãos russos estão impedidos inclusive de serem voluntários na Olimpíada.
É nesse contexto que o BRICS Games vai acontecer em Kazan, com provas em 29 modalidades, quase seis vezes o antigo recorde, que era cinco. E, como decisão de governo, o Brasil decidiu participar, como forma de cooperação esportiva.
"Além disso, [participar] representa uma chance única para os atletas brasileiros adquirirem experiência internacional em um ambiente altamente competitivo, contribuindo significativamente para o desenvolvimento e aprimoramento de nossos talentos esportivos. A presença do Brasil na Reunião de Ministros de Esporte do BRICS, agendada para coincidir com o encerramento dos Jogos em Kazan, também é de grande importância, permitindo uma participação ativa em discussões e tomadas de decisões relevantes para o futuro do esporte dentro do grupo", explicou, em nota, o Ministério do Esporte.
Após reservar R$ 5 milhões para a delegação, o Ministério do Esporte procurou quem topasse fazer o serviço. Só a Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU) demonstrou interesse, enquanto outros órgãos com repertório para montar delegações esportivas, inclusive a Defesa, abriram mão.
Responsável por levar um time brasileiro até a Rússia, a CBDU ganhou também o direito de selecionar os convocados. A entidade é a mesma que, no ano passado, levou o filho do seu presidente para disputar a Universíade no tênis, escondido, sem passar por qualquer seletiva.
Agora, as convocações têm acontecido sem critérios claros. Na natação, só durante a Seletiva Olímpica, único campeonato nacional de piscina longa, foi informado que a seleção do BRICS seria formada por universitários. Na esgrima, um ofício foi enviado na sexta (10) convidando os atletas a se inscreverem até ontem (13).
Questionado, o Ministério do Esporte disse à coluna que o país deverá ter representação, em Kazan, nas modalidades "atletismo, natação, canoagem, handebol de praia, judô, karatê, phygital basquete, phygital futebol (jogos eletrônicos), saltos ornamentais, wrestling, wushu, voleibol de praia e xadrez".
A pasta, porém, não informa em seu site como atletas universtiários dessas modalidades podem se inscrever para tentar participar da delegação. O torneio começa em 12 de junho.
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