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Leo de Deus critica CBDA e quer ser convocado para as Olimpíadas

Leonardo de Deus entende que tem o direito de ser o 19º integrante da seleção brasileira de natação que vai aos Jogos Olímpicos de Paris. Ele alega que fez o índice olímpico durante o Troféu Brasil do ano passado e deveria ser chamado para disputar os 200m borboleta na França.

A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) estipulou como critério principal a chamada "seletiva única", que foi no Rio, na semana passada, mas criou o que chamou de salvaguardas. Atletas que nadaram abaixo do índice nos Mundiais 2023 e 2024 e no Pan, entre outros eventos, poderiam ser convocados em provas em que as cotas não fossem ocupadas pela seletiva.

Leo de Deus nadou quatro desses eventos, incluindo a seletiva olímpica, e não ficou abaixo do índice exigido nenhuma vez. Procurada pela coluna a CBDA disse que respeita toda forma de posiconamento dos atletas, mas que a seleção já está fechada a partir de crtiérios amplamente debatidos entre a confederação e o conselho técnico de alto rendimento, formado por treinadores.

Por que Marcelo sim, e Leo não?

Na seletiva propriamente dita, somente três atletas fizeram índice, e mais quatro foram convocados utilizando a "salvaguarda". Outros 11 foram convocados para compor os cinco revezamentos brasileiros classificados, incluido Marcelo Cherighini.

O velocista entrou na seleção como segundo colocado dos 100m livre e parte do revezamento 4x100m livre. Como Chierighini nadou abaixo do índice exigido pela World Aquatics no Troféu Brasil de 2023, a CBDA permitirá que ele seja inscrito nos 100m livre em Paris, como é de costume.

"Quando eu bati na final dos 200m borboleta e vi 1min56s24, pensei: 'Estou fora dos Jogos Olímpicos'. Mas a partir do momento que a confederação toma decisão assertiva de puxar um atleta que fez índice A que não estava dentro do critério, por que não fazer o mesmo com o Leonardo de Deus, que fez índice na mesma competição?", questiona o próprio Leonardo de Deus.

Há, entre os dois casos, uma diferença importante, porém. Marcelo atingiu um critério para entrar na seleção (ser segundo colocado dos 100m livre na seletiva); Leo, não. Tradicionalmente, quem está na seleção pode nadar todas as provas para as quais têm índice, independente de quando esse índice for feito. Tanto é que a seleção ainda participa do Sette Colli, na Itália, em buscas de novas vagas, mas não de aumentar o time.

No caso de Chierighini, o fato de ele já ter índice permitiu à CBDA não contá-lo para a credencial "relay only". O Brasil tem só dez destas, para atletas que não vão disputar nenhuma prova individual em Paris. Com todas ocupadas pelos componentes dos 4x100m e 4x200m livre, masculino e feminino, sobraria nenhuma para completar o 4x100m medley misto.

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Na prática, ao aceitar que Chierighini use o resultado de 2023 para nadar os 100m livre na Olimpíada, a CBDA abriu uma vaga de relay only no time para Guilherme Bassetto ser chamado para ser o nadador de costas do revezamento misto.

"A brecha que a CBDA está abrindo nos critérios, ela abre porque nos critérios tem lá a letra G, que fala que ela que resolve casos omissos. Ela pode fazer o que ela bem entender pelo bem da natação brasileira. Eu entendo que faz bem ter o Marcelo inscrito com o tempo de Recife, assim como eu. Se ele está inscrito para fazer uma natação brasileira mais competitiva, eu também posso ser", diz Leo.

Aos 33 anos, o nadador da Unisanta disputou as três últimas Olimpíadas nos 200m borboleta — em Londres e no Rio, também competiu nos 200m costas.

Leo já brigou na Justiça desportiva para ser convocado ao Pan de 2019. Na época, seu pleito foi recusado, mas ele acabou chamado após outro nadador ser suspenso por doping e abrir uma vaga na equipe. Leo foi a Lima, venceu os 200m borboleta, e se sagrou tricampeão do Pan.

O que diz a CBDA:

"A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos definiu a seleção brasileira olímpica de Natação na Seletiva Olímpica realizada na última semana, no Rio de Janeiro.

Os critérios de convocação foram publicados no dia 26 de janeiro de 2024 após ser amplamente debatido entre CBDA e o Conselho Técnico de Alto Rendimento formado por treinadores.

No caso específico citado, o atleta Marcelo Chierighini alcançou sua classificação para Paris 2024, dentro da piscina, para o revezamento 4x100m livre ao ser segundo colocado na prova dos 100m livre na Seletiva Olímpica.

Como o nadador já possuía índice em período válido pela World Aquatics, abre-se, automaticamente, a oportunidade do mesmo competir na prova individual em Paris, além da possibilidade da vaga de relay only passar para outro nadador e, assim, o Brasil ter todos os seus revezamentos classificados atuando em Paris.

Este caso pode ser enquadrado no critério C1A do documento publicado pela CBDA.

Vale lembrar que a CBDA abriu sete possibilidades para os atletas alcançarem índice olímpico e acredita ter apurado a melhor seleção para a disputa de Paris 2024. A CBDA reitera que respeita toda forma de posicionamento dos atletas e toda a história e carreira do nadador Leonardo de Deus."

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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