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Charles do Bronx se torna o alvo favorito dos rivais. E nada poderia ser melhor

Charles do Bronx comemora vitória sobre Dustin Poirier pelo UFC - Chris Unger/Zuffa LLC
Charles do Bronx comemora vitória sobre Dustin Poirier pelo UFC Imagem: Chris Unger/Zuffa LLC

Colunista do UOL

04/05/2022 04h00

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Prestes a colocar o cinturão dos pesos-leves (70 kg) do UFC em jogo mais uma vez, Charles do Bronx é o alvo da vez. Nos últimos dias, o nome do atleta brasileiro esteve na boca de muita gente diferente, inclusive de pessoas que há não muito tempo sequer tocariam no nome lutador do Guarujá. E isso é o melhor sinal possível para o atual momento de sua carreira.

Claro, isso não aconteceria se o Charles não fosse o campeão do UFC, dono de uma sequência de dez triunfos no octógono e não estivesse prestes a liderar mais um card de pay-per-view no show. Mas o respeito e a importância, traduzidos muitas vezes em provocações dos rivais, só foram conquistados recentemente. E o fato dele ser favorito nas casas de apostas pela primeira vez desde que disputou um título comprova o recente hype criado em torno de suas apresentações.

Apenas nos últimos dias, Do Bronx foi citado por Nate Diaz, Joe Rogan, BJ Penn, Kevin Lee e, obviamente, Justin Gaethje, seu rival na UFC 274, evento a ser realizado neste sábado (7), na cidade de Phoenix (EUA). O americano, vejam só, possivelmente apoiado por algum treinador ou parceiro de treino brasileiro, postou um vídeo com a camisa do Flamengo, dizendo que o time é melhor do que o Corinthians, clube do qual Charles é embaixador. E esse é o melhor exemplo da máxima: "Falem mal, mas falem de mim".

Charles do Bronx tem recebido mais atenção dos rivais após conquistar cinturão do UFC - Mike Roach/Zuffa LLC via Getty Images - Mike Roach/Zuffa LLC via Getty Images
Charles do Bronx tem recebido mais atenção dos rivais após conquistar cinturão do UFC
Imagem: Mike Roach/Zuffa LLC via Getty Images

Um campeão que passa batido nos noticiários é um campeão que, automaticamente, gera menos engajamento com os fãs, atrai menos marcas e vende menos. Claro que a tarefa de se manter relevante é árdua e não se resume apenas aos feitos no esporte, mas ela é parte fundamental do trabalho de um atleta de alto rendimento na atualidade.

Nessa semana, por exemplo, o comediante Joe Rogan e o ex-campeão do UFC BJ Penn passaram bons minutos no podcast de maior audiência do mundo analisando a razão de alguns lutadores serem julgados pelos seus piores momentos e não pelos seus ápices. O exemplo utilizado, além do próprio havaiano, foi o de Charles.

Depois de alternar vitórias espetaculares com tropeços inexplicáveis, Charles passou anos sendo questionado por essas performances ruins. Ao mesmo tempo, porém, ele acumulava vitórias importantes e colecionava alguns recordes e, mesmo assim, as fraquezas do antigo Do Bronx eram exploradas por oponentes, seu status de zebra nas casas de apostas seguia e, consequentemente, seu valor de mercado no UFC não atingia o potencial necessário para que ele pleiteasse lutas mais importantes. Foi por isso que ele tomou o caminho mais longo, precisando de oito triunfos seguidos para disputar o cinturão.

Mas o que mudou desde que ele conquistou o cinturão? Bom, a figura do Charles 'furou a bolha'. Mesmo sem falar inglês ou sem utilizar o "trash talk" (termo em inglês para provocações), ele, como campeão, passou a ser mais conhecido, e suas entrevistas para a imprensa brasileira passaram a ser traduzidas para atender a demanda de interesse dos novos fãs. E a sua história de vida conquistou muitos que conheciam apenas o seu potencial no cage - e o seu impacto multiplicou.

Desde então, suas redes sociais quase quadruplicaram de tamanho, presenças em eventos e entrevistas em podcasts se tornaram rotina. E em uma matemática simples, o consumo de notícias sobre ele aumentou, a base de fãs cresceu e o interesse dos rivais, que até então faziam pouco caso do menino do Guarujá, agora não tiram seu nome da boca - até mesmo Conor McGregor vez ou outra declara a intenção de enfrentá-lo. E que assim siga, afinal, quem não é visto, não é lembrado!