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Opinião

José Aldo no UFC Rio é genial, mas o evento ainda precisa de reforço

O anúncio de José Aldo como reforço ao card do UFC Rio (feito por mim e posteriormente confirmado pelo atleta) foi uma bela sacada da organização do show. Ex-campeão dos pesos-penas, membro do Hall da Fama do evento e com data marcada para fazer sua segunda e definitiva aposentadoria do MMA, o atleta automaticamente se torna o nome de maior visibilidade do card. No entanto, isso ainda não parece ser o suficiente.

O card em questão, de número 301, será transmitido via PPV. O sucesso do evento está diretamente ligado às vendas de pacotes de televisão, principalmente nos EUA. Acontece que, na mesma data, em Las Vegas, Saul Canelo enfrenta o campeão mundial invicto Jaime Munguia. Tal concorrência parece ser demais para o evento a ser realizado na cidade do Rio de Janeiro - a começar pelo poder reduzido de visibilidade do evento no Brasil.

Até o nome de Aldo ser adicionado ao show, o UFC 301 não contava com grande apelo entre os fãs regulares, e muito menos com os torcedores casuais. Afinal, a maioria dos lutadores brasileiros presentes no card ainda não fez cinco lutas no octógono, o que torna a missão de criar vínculo com a plateia uma tarefa árdua. Na disputa principal, o campeão Alexandre Pantoja, por sua vez, ainda caminha passo a passo para se tornar um ídolo nacional do esporte.

Por isso, o nome de Aldo era tão importante. Aos 37 anos, o veterano retorna de sua aposentadoria do MMA justamente para pendurar as luvas novamente diante da torcida que o abraçou tantas vezes. Nada mais justo, quase poético. No entanto, o seu adversário Jonathan Martinez não é o parceiro de dança ideal para que possamos chamar o confronto de uma super luta, e, como mencionei anteriormente, a disputa direta de PPVs com Canelo dificilmente será vencida no mercado americano.

Para isso, o UFC Rio precisaria de uma edição mais pujante e recheada de nomes com maior apelo junto ao mercado nacional e também internacional. E, acredito, esse era o plano inicial para o evento. No entanto, os cards do UFC 298, UFC 299 e UFC 300 gastaram muitos dos trunfos que poderiam ser utilizados no dia 4 de maio.

Começando por Charles do Bronx e Alex Poatan, ambos escalados para o evento de abril. Além deles, Durinho, Rafael Dos Anjos, Malhadinho, Borracinha, Mackenzie Dern e Amanda Ribas se apresentaram ou estão com lutas marcadas para outra data. Faltou sorte, mas também faltou carinho/empenho da organização do show para com o card no Brasil.

E para piorar, o show da cantora Madonna será realizado no mesmo horário do card principal do UFC Rio, só que de graça na praia de Copacabana. Isso, além de ser uma opção para parte do público que poderia comprar ingresso, também rouba a atenção no noticiário dos grandes veículos de comunicação do país, dificultando ainda mais a venda dos ingressos.

Contar com a aposentadoria de Aldo no card do Rio é incrível, mas o evento ainda não é certeza de sucesso do ponto de vista dos negócios. E se a minha conta não estiver errada, ainda cabe mais uma luta nesse show….

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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