Dorival Junior se manifesta sobre Robinho e erra grosseiramente
Dorival falou sobre Robinho. Não tem mais como escapar da obrigação moral, essa é a verdade. E então ele falou. O ouvido menos atento vai pensar: ah, ele falou direitinho até. Citou a vítima, a dor da vítima, a família da vítima.
Pois é. Acontece que não existe uma cartilha, gente. Para falar corretamente precisa, primeiro, pensar corretamente. E para pensar corretamente precisa sentir corretamente. Fica a impressão que Dorival achou que seria fácil: Vou lá, cito a vítima, param de me encher a paciência e vida que segue.
Dorival falou e Dorival errou.
Errou, primeiro, ao dizer que Robinho é um cara fantástico. Vejam: essa frase, apenas ela, já apaga tudo o que foi dito sobre a dor da vítima. Vocês imaginem a vítima e a família da vítima escutando o treinador da seleção brasileira dizer que o cara que a estuprou é um rapaz fantástico. Não fecha, percebem? É violento, ofensivo, pequeno.
Um cara fantástico, por princípio, não comete esse tipo de crime. Um jogador fantástico e um homem falho, né, Dorival? Ou você acha que é do jogo chamar de fantástico o homem que fez o que Robinho fez?
Mas o pior erro de Dorival nem foi esse. O pior erro foi ele dizer: se houve um crime, então tem que pagar.
Se houve um crime? Se houve um crime?
O processo correu em três instâncias, o UOL revelou áudios devastadores que dizem o que Robinho pensa do crime, a sentença foi validada por um tribunal no Brasil.
Se houve um crime?
Dorival, meu chapa, o que mais seria preciso acontecer para você matar no peito e dizer que houve um crime? Um crime grotesco, hediondo, pavoroso.
"Se houve um crime" fala o seguinte pra gente: olha, pode ser que não tenha acontecido nada, que a mulher seja uma aproveitadora, que isso tudo seja armação. Com essa frase desastrosa Dorival nos fere e ofende.
Quem tenta falar corretamente mantendo uma das mãos dadas ao parceiro criminoso vai falar besteira.
Dorival, palavras importam. Todas elas. As menores e as maiores. Vai se manifestar sobre um tema que não domina? Prepare-se adequadamente. Estude, leia, entenda, gaste um tempo nesse aprendizado. Ouça os áudios da reportagem do UOL. Se é difícil pensar na vítima como sujeito pleno faz o seguinte: imagine que Robinho e os parças estejam falando de alguém da sua família. Talvez esse exercício te ajude a elaborar uma manifestação decente.
Dorival tentou acertar depois de ficar tempo demais calado e errou feio.
"Ah, mas vocês querem que o cara se manifeste e quando ele abre a boca vocês criticam?" É. Não basta se manifestar. Precisa parar, se preparar, compreender, escolher as palavras. Precisa levar a sério o que está acontecendo. Precisa querer acertar.
Deixe seu comentário