Milly Lacombe

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CBF e Diniz cuspiram nas mulheres brasileiras convocando Antony

A convocação de Antony é uma aberração ética e moral.

Era antes mesmo de tantas provas das agressões cometidas contra sua ex-companheira, Gabriela Cavallin, virem a público.

Não precisaríamos mergulhar tão fundo na podridão das acusações contra ele para que Antony fosse ignorado nessa convocação. Por muito menos - muito menos! - Paquetá foi desconvocado.

Mas a desmedida dá uma ideia do que significa destruir uma mulher no Brasil. Perto de nada.

Suspeita de envolvimento em apostas rende desconvoçacão imediata. Fora. Vaza.

Suspeita de bater em mulher, ameaçar sua integridade, destruir emocionalmente não pega nada. Vem aqui com a gente. Tem que apurar isso daí. O cara joga muito. Precisamos dele.

Antony não poderia ter sido convocado porque as acusações já eram imensamente graves antes das revelações trazidas pelo UOL nesse quatro de setembro.

Se tivesse havido um interesse mínimo por parte da CBF para entender do que se tratavam as acusações contra Antony, a confederação e o novo treinador da seleção teriam acesso a uma materialidade que já seria devastadora.

Mas quem estava ligando? Urgente era desconvocar o cara suspeito de participar de apostas; o suspeito de bater e ameaçar mulher de morte pode manter.

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É ofensivo, é indecente e é uma cuspida em nossas caras.

Coloquem-se no lugar da mulher que acusa.

Sabendo do que alega ter passado, ainda precisa ver aquele que ela chama de agressor ser convocado, bajulado, celebrado.

Essa é a realidade pela qual passa a vítima que acusa um homem poderoso.

Agora, diante de tantas provas, é necessário desconvocá-lo de imediato, e usando um discurso duro e contundente para ver se compensam a aberração ética de terem bancado a convocação.

Eu diria que já nem importa tanto saber a que horas ele será desconvocado. A convocação seguida da demora para desconvocar quando novas e contundentes provas vieram a público já configuram violência suficientes.

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Não adianta o presidente da CBF dizer que apoia o futebol feminino e agir covardemente em casos como esse que envolve Antony. Isso não é apoiar em nada o futebol feminino, nossas vidas, nossa integridade, nosso direito de existir plenamente.

O United deve desligar o jogador também de pronto. Seria preciso que constasse em contrato que envolvimento em violência de gênero leva a rompimento e multa.

Estão esperando exatamente o quê para agir?

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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