Marília Ruiz: Seleção remendada finge 'normalidade' no Chile

A CBF se acostumou a atrapalhar os clubes brasileiros e pronto. Azar dos incomodados.

Os clubes daqui não foram tratados com o respeito devido - nem "se deram" respeito devido nesta relação abusiva.

Estamos assistindo agora a um revés que a CBF não conhecia: clubes que não aceitam ser atrapalhados pela Seleção Brasileira. E pronto. Azar da CBF...

Começou com a postura firme e conjunta dos clubes ingleses (cadê mesmo a Liga dos clubes brasileiros?). Passou pelo anúncio de que jogadores que atuam na Espanha e na Itália também teriam dificuldades de atender à convocação de Tite (o CAS acabou brecando esse pedido). E terminou agora com a vexatória nota oficial da CBF admitindo que por pressão das Federação Russa, a Seleção Brasileira seria desfalcada de mais dois jogadores na véspera de um jogo oficial de Eliminatória de Copa do Mundo.

Quem sabe agora a CBF entende que respeitar e ser respeitada faz parte do jogo?

Ninguém aqui acredita que os vetos europeus têm a ver só com a preocupação com a saúde dos jogadores e os rumos da política de combate à pandemia do novo coronavírus. Todos sabemos que essa foi a justificativa que enfim foi forte o bastante para fazer valer uma velha vontade de não liberar seus "ativos". Mas, de qualquer maneira, é fato que a CBF está diante de algo que já deveria ter sido tratado com outro cuidado e outra postura: atropelar os clubes não é razoável.

Que os clubes brasileiros sejam firmes. É uma vergonha o que se faz e refaz por aqui. Que assumam também parte da culpa por compactuar com esse calendário escandaloso.

Mas hoje no Chile vamos assistir a um jogo com 11 mais do mesmo em campo, poucas grandes novidades (que já sabemos não devem estar no Catar) e coletivas vazias, porque há um vácuo no comando da CBF e porque Tite estabeleceu uma relação água/óleo (inviável) entre seu time e seu chefe (quem?).