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Marília Ruiz

REPORTAGEM

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Marília Ruiz: Times de SP articulam para manter o Paulista até o 'limite'

Corinthians enfrentou o Palmeiras com o time desfalcado por causa da covid - Cesar Greco/Palmeiras
Corinthians enfrentou o Palmeiras com o time desfalcado por causa da covid Imagem: Cesar Greco/Palmeiras

04/03/2021 15h11

Esqueçam o pacto pela saúde e blábláblá.

Seria inclusive lógico e conveniente comercialmente adiar o começo de um Estadual que deu seu pontapé esvaziado e ofuscado pela disputa da Copa do Brasil, ressaca do Brasileiro e agravamento da pandemia do novo coronavírus.

Mas que freia a ganância estúpida dos clubes que não querem arriscar suas cotas de direitos de TV e de patrocínios. Ganância, inclusive, pouco inteligente. Até para ser vil é necessária mais astúcia.

A ideia dos dirigentes é disputar a maior quantidade de rodadas até que uma paralisação seja imposta por instâncias superiores (do futebol ou do Governo). Ninguém quer arcar com ônus da "suspensão" do torneio. Quantos mais partidas jogadas, avaliam, mais difícil seria um eventual cancelamento do campeonato. Surgiriam as discussões da ética, de terminar a disputa em campo, de não impedir acesso e descenso, de afastar-se de possíveis tapetões.

É comum ouvir dos presidentes de clubes que o Paulista está ainda mais importante neste ano em que o Estadual do Rio saiu da grade da TV Globo. Os jogos de TV aberta serão retransmitidos para mais praças e dará ainda mais visibilidade para os clubes e será vitrine para jogadores.

Procurado pelo blog, o presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, não respondeu.

Já o presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de SP, Rinaldo Martorelli, demonstrou preocupação com agravamento da pandemia, mas ponderou ter que equilibrar cuidados com a saúde e com a economia.

"Para começar, aqui em SP a gente tem uma questão: o Governo liberou, e o campeonato pode seguir. Evidente que gostaríamos de parar. Mas como ficaria a situação econômica dos atletas? Então defendemos a continuidade da disputa do Paulista preservando a vida e a saúde dos atletas. Não recebemos nenhuma reclamação, mas seguiremos monitorando", afirmou Martorelli.

Mas a opinião do sindicato é outra em relação às disputas dos torneios da CBF (incluindo agora a Copa do Brasil).

"O protocolo da CBF é falho. Depois que contratamos a médica infectologista Mariana Sauer, que analisou o documento junto com o nosso médico, Renato Anginah, ajuízamos uma ação na Justiça em dezembro passado para que ele seja melhorado e corrigido em alguns pontos. Assinamos a ação junto com os sindicatos de SC, PIMG e BA. Até hoje não temos resposta. O processo está em 1ª instancia (12ª Varo TRT de SP) e parado. Todo mundo acha que a vida do jogador vale menos, que ele já ganha muito para brincar", reclamou o sindicalista.

Como eu opinei acima, até para ser ganancioso, é importante requinte e inteligência. O Paulista ganharia em tudo diminuísse suas datas nesse ano, elegesse uma bolha e empurrasse a disputa. Teria times descansados, mais fortes e um torneio mais sedutor.

Sobre a tabela da Copa do Brasil? Não há negacionista que defenda essa disputa a partir da próxima quarta. Bom, na verdade, infelizmente, há. A tabela está valendo.