Gustavo Scarpa não aprendeu nada com os livros

Na esteira de melhor jogador do futebol brasileiro na última temporada, o meia-atacante Gustavo Scarpa foi alçado também ao posto de atleta diferenciado intelectualmente, com raciocínios e análises certeiras do que acontece dentro das quatros linhas.

Porém, enquanto era elogiado pelos seus feitos nos gramados, Gustavo Scarpa se juntou ao lateral direito Mayke, resolveu seguir uma indicação de aplicação financeira do ex-companheiro Willian Bigode e os três caíram em um golpe milionário.

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A imagem de Gustavo Scarpa fora de campo era do jogador com paixão pela leitura, uma raridade entre os esportistas seja qual for a modalidade.

Em 2021, o ex-camisa 14 viralizou na internet ao contar em suas redes sociais ter lido, entre aquele ano e 2017, cerca de 90 livros e por fazer resenhas de alguns deles, com destaque para obras clássicas como "O Príncipe, de Nicolau Maquiavel", "Os Miseráveis, de Victor Hugo", "Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski", "A Metamorfose, de Franz Kafka" e "A Revolução dos Bichos, de George Orwell".

Além disso, em uma habilidade incomum, Gustavo Scarpa deu aula de como montar em poucos minutos cubo mágico e virou professor de alguns jogadores do elenco palmeirense.

Brincalhão, Gustavo Scarpa revelou o vício de comer bolachas com leite condensado e ganhou notoriedade com a habilidade de andar de skate, mas longe de arriscar manobras radicais.

As suas brincadeiras extrapolaram os limites e não foram raras as reclamações dos companheiros de clube. Em uma entrevista após a conquista do título brasileiro, no gramado do Allianz Parque, Scarpa pegou pesado com os erros de português do atacante Rony e o companheiro, resignado, respondeu "cala boca, Scarpa. Ainda bem que tu vais embora, você é chato pra caramba!"

Scarpa foi mesmo embora. Fluente em inglês, ele decidiu não renovar o seu contrato e, encerrada a temporada no Brasil, foi tentar a sorte na Europa, onde ainda não conseguiu se firmar no Nottingham Forest, na Inglaterra.

Com tamanha bagagem cultural, o golpe milionário causou espanto e prova que Gustavo Scarpa não aprendeu nada com os livros.

É incrível como a ganância falou mais alto e ele resolveu aplicar R$ 8 milhões em criptomoedas, em um esquema claro de pirâmide, que prometia rendimento de 2% a 5% por mês.

Além de Scarpa, o lateral direito Mayke seguiu indicação do ex-companheiro, o atacante Willian Bigode, hoje no Fluminense, e aplicou R$ 7,4 milhões.

Intermediário nas negociações, Willian Bigode, que fundou a consultoria financeira WLCJ Consultoria Financeira, foi quem apresentou a empresa Xland Holding LTDA, essa ficou com o dinheiro dos atletas e não deu nenhum sinal de que irá devolver os valores, mesmo com o caso indo parar na Justiça, como revelou o site do programa Fantástico, da TV Globo, na última quinta-feira.

Willian Bigode se diz vítima também e afirmou ter perdido R$ 17,5 milhões.

Eu tive acesso ao processo de quase 300 páginas que culminou, nesta sexta-feira, com a decisão da Justiça de São Paulo de determinar o bloqueio das contas da Xland, seus sócios e da consultoria de Willian Bigode.

Tudo isso começou em agosto do ano passado e a divulgação do caso gerou inúmeras reflexões.

Da minha parte, que entendo bastante de operações em criptomoedas, não posso acreditar que pessoas com acesso a tantas informações acreditem em retorno de investimento assim tão fácil.

Fica aqui uma das lições dos meus avós: quando a esmola é demais, o santo desconfia.