Julio Gomes

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No Maracanã, a polícia do Rio se apresenta ao mundo

Quem são os culpados pelo que aconteceu no Maracanã nesta terça? Muita gente. Sem dúvida, a organização do jogo é uma das principais. Com bebida alcóolica sendo vendida dentro do estádio, com toda a rivalidade que existe entre Brasil e Argentina, como assim não havia uma separaçãozinha sequer entre os torcedores deles, que eram muitos, e o resto do estádio?

Todo mundo sabe que existem alguns torcedores que perdem a linha dentro de um estádio. Estamos acostumados a ver espaços ridiculamente grandes no Maracanã separando a torcida adversária no futebol de clubes. Espaços exagerados, até. Por que em um Brasil e Argentina estava tudo misturado? Quem é responsável por isso? Onde estão as autoridades da cidade e do Estado neste momento? Largam tudo para os organizadores e se mandam?

(Atualização: A apuração do repórter Rodrigo Mattos, do UOL, mostra que a PM considerou este um jogo de baixo risco. A CBF é a organizadora e seguiu a recomendação, vendendo a carga total de ingressos, sem divisão de torcidas. A CBF é, em última instância, a organizadora deste jogo, que é Fifa)

Ainda pior: botaram os argentinos barrabravas grudados no tal Movimento Verde e Amarelo, um esboço de torcida organizada da seleção, cheia de machões. E isso era sabido desde ontem. Que meia dúzia de argentinos idiotas e meia dúzia de brasileiros idiotas briguem entre eles na hora dos hinos era algo até esperado. Porque sempre tem meia dúzia de idiotas. Aliás, infelizmente sobram idiotas no mundo.

O que não é aceitável, de forma alguma, é a polícia do Rio de Janeiro "separar" a briga como fez, enchendo os argentinos de porrada. Por que não bateram nos brasileiros? Ainda bem que não bateram, é claro. O ideal é que não tivessem batido em ninguém. As cenas do Maracanã foram dantescas. É muita violência, é muito desproporcional. Os policiais agiram com ódio, não com método.

(Mais uma atualização: a polícia acusa algum argentino de racismo. Que prenda o racista! E não aja com o caos e a violência que vimos)

A polícia do Rio de Janeiro, envolvida dia sim, dia não, em casos de violência contra a própria população, mostrou sua cara. Mostrou a cara que o favelado carioca conhece há tempos. Mostrou a cara da violência que marca seu modus operandis. Não tem preparo nenhum, trata todo mundo como bandido. Saíram dando porrada em todo mundo abrindo um espaço na arquibancada que não existia, colocando em risco todo mundo que estava por perto, no resto da arquibancada, traumatizando um monte de crianças que certamente nunca mais vão querer voltar a um estádio de futebol.

Os argentinos foram violentos também? Certamente. Não são santos. Como também não são os que participaram da confusão do lado brasileiro. Se a polícia não sabe identificar minimamente uma situação de risco como essa, como saberá identificar outras do dia a dia, muito mais complexas? Se para lidar com meia dúzia de torcedores baderneiros, com as câmeras em cima deles, fizeram isso, imaginem só o que não fazem quanto não tem ninguém olhando.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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