Topo

Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Titulo do Frankfurt premia uma das melhores histórias da temporada europeia

Kevin Trapp, goleiro do Eintracht Frankfurt, na final da Liga Europa - Arne Dedert/picture alliance via Getty Images
Kevin Trapp, goleiro do Eintracht Frankfurt, na final da Liga Europa Imagem: Arne Dedert/picture alliance via Getty Images

18/05/2022 19h55

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Não foi um jogo épico, inesquecível. Dificilmente seria. A final da Europa League reuniu, afinal, o 11º colocado do Campeonato Alemão e o vice-campeão escocês (ou seja, uma espécie de lanterna em um campeonato historicamente disputado só por dois). Nem Frankfurt nem Rangers são grandes equipes, que cederão jogadores para as maiores forças europeias ou qualquer coisa que o valha.

O mais bacana da final foi mesmo o colorido do estádio Ramón Sánchez Pizjuan, em Sevilla. Metade azul, metade branco. Um jogo que teve emoção pelo fato de o time que jogava melhor, o Frankfurt, ter dado um gol de presente ao adversário já no segundo tempo. Buscou o empate e, nos pênaltis, levou a melhor acertando as cinco cobranças.

Mais do que o Eintracht e o time em si, é a torcida do clube, que nunca teve fama de nada na Alemanha, que transformou-se em uma das melhores histórias do ano. Os caras invadiram Barcelona nas quartas de final, colocando 40 mil pessoas no Camp Nou e gerando uma enorme crise de identidade no clube da Catalunha.

Antes da eliminatória, que tinha amplo favoritismo do Barça (não só pela camisa, mas pelos 4 a 0 sobre o Real Madrid, dias antes), o Eintracht Frankfurt soltou um vídeo que mais ou menos dizia. "Vocês são os melhores, os mais famosos, tiveram alguns dos melhores jogadores da história, mas... não têm uma torcida como a nossa". Meio humilde, meio petulante.

Bem, a torcida mostrou que merecia o voto de confiança. Foi a grande protagonista em Barcelona e também em Sevilla, no palco da finalíssima. Na semifinal, protagonizou uma incrível invasão de campo para comemorar a classificação. Nunca mais a torcida do Eintracht Frankfurt será olhada com desdém na Alemanha ou na Europa.

Torcida à parte, a campanha invicta na Europa League não foi irrelevante. Na fase de grupos, os rivais eram Olympiakos e Fenerbache, duas forças locais na Grécia e Turquia, clubes mais acostumados a competições europeias. Nas oitavas de final, os alemães tiraram o Bétis, que acabaria sendo campeão da Copa do Rei, quinto colocado na Espanha e dono de um futebol que encheu os olhos na temporada. Nas quartas, o Barça. Na semi, a vítima foi o West Ham, que fez ótima Premier League e acaba de tirar pontos do possível futuro campeão, o Manchester City.

Foi uma campanha de respeito de um clube que, ao contrário do Rangers, nunca foi dominante domesticamente.

O Glasgow Rangers, que chega 150 anos de existência, declarou insolvência financeira dez anos atrás. Chegou a disputar a quarta divisão da Escócia, mas agora está de volta. É um clube enorme, que já botou 150 mil pessoas em um estádio, mas a realidade local (55 títulos escoceses) é diferente da realidade europeia. Esta foi a quinta final da história do Rangers, que perde pela quarta vez - o único título continental foi conquistado no centenário, portanto 50 anos atrás, a extinta Recopa.

Já o Frankfurt conquista pela segunda vez a Europa League. Hoje, é claramente uma competição de segundo nível na Europa. Mas, em 1980, a então Copa da Uefa tinha um nível altíssimo (foram quatro alemães nas semis, incluindo o Bayern). O Eintracht tem também no curriculum uma final de Copa dos Campeões da Europa - perdeu para o Real Madrid, em 1960. Na "era Bundesliga", o time de Frankfurt nunca foi campeão, mas tem um título nacional conquistado em 1959. O último troféu antes deste de hoje havia sido levantado em 2018, a Copa da Alemanha.