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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Na Copa Africana, Salah dá aula de jogo coletivo e classifica o Egito

Salah (à dir.) comemora gol de Trezeguet, o da virada do Egito sobre o Marrocos - Thaier Al-Sudani/Reuters
Salah (à dir.) comemora gol de Trezeguet, o da virada do Egito sobre o Marrocos Imagem: Thaier Al-Sudani/Reuters

30/01/2022 19h15

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O Egito, com sete titulares que atuam no fraco futebol do país, derrotou uma seleção marroquina formada por 11 jogadores de grandes ligas europeias. A diferença? Um tal Salah.

O craque do Liverpool está na semifinal da Copa Africana e, na quinta-feira, enfrenta Camarões por uma vaga na final. A outra semi terá Senegal x Burkina Faso, quarta.

O Egito saiu perdendo de Marrocos, e aí o jogo passou inteiro pelos pés de Salah. Mas, ao contrário do que vemos em outras situações (como Neymar na seleção brasileira, por exemplo), o craque do time não quis resolver tudo à sua maneira, a qualquer custo. Ele manteve-se fiel à estratégia do técnico português Carlos Queiroz.

Jogou pela direita, onde rende mais, em vez de querer se transformar em camisa 8, camisa 10, camisa 11, bater escanteio e cabecear. O Egito tem um time mais fraco do que Marrocos (e também do que Camarões e Senegal) em termos de nomes. Mas é uma equipe coletivamente sólida, defensivamente firme.

Então cabe a Salah brilhar onde ele costumeiramente brilha. Foi o que aconteceu. No segundo tempo, levou perigo ao adversário sempre que recebeu pela direita - mesmo contra dois, três ou quatro. Fez o gol de empate em um rebote após escanteio. E o gol da virada, na prorrogação, saiu de uma bola recebida por Salah na direita, ele entortou a marcação e cruzou para Trezeguet marcar.

Na prorrogação, o Egito estava com o terceiro goleiro em campo, Marrocos estava melhor e o time de Salah rezava por pênaltis. Foi quando saiu o contra taque decisivo. Depois, o bom esquema montado por Queiroz "dormiu" o jogo marroquinho e protegeu o inexperiente goleiro Sobhi.

Salah nunca forçou a barra para ser o herói. Ele simplesmente foi o herói naturalmente. Não é que joga sozinho. Não é isso. Ele é simplesmente o brilho máximo, o cara que resolve, em um time de operários. Mas o cara que resolve em função do que está traçado, não em função do que ele acha que é o certo a fazer taticamente.

Camarões, em casa, é favorito no duelo de quinta. Mas é o duelo dos dois maiores campeões continentais - sete títulos egípcios, cinco de Camarões. E do outro lado tem Salah. Melhor aguardar.