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OPINIÃO

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Eventos milionários desafiam lógica do calendário de Esports

Gamers8 na Arábia Saudita - Divulgação/Gamers8
Gamers8 na Arábia Saudita Imagem: Divulgação/Gamers8

Colunista do UOL

03/08/2022 04h00

Calendário complicado, priorizar competições, poupar elenco... Se você acompanha futebol e/ou a maioria das modalidades esportivas tradicionais, já ouviu falar sobre esses dilemas. Dividir as atenções entre diferentes torneios em uma mesma temporada costuma ser algo tradicional - cada um à sua maneira, com seu formato e história. Mas e no esporte eletrônico? Será possível que isso também se torne uma tendência?

As publishers, donas dos jogos e, consequentemente, quem faz a organização dos campeonatos dos games pelos quais são responsáveis intelectuais, tendem a não deixar que isso aconteça. Torneios de empresas interessadas em realizar eventos que promovam o jogo costumam ser realizados no período que se chama de "Off Season" - ou seja, na pré ou na pós temporada. Mas a curva de mudança é possível.

Entre os dias 14 de julho e 20 de agosto, acontece em Riyadh, na Arábia Saudita, o Gamers8 - evento que se intitula "o maior do mundo em games e Esports", distribuindo um total de US$ 15 milhões (!!!) entre diversas modalidades. E o Brasil, é claro, está no páreo. A FURIA levou 500 mil dessa fatia para casa ao vencer o torneio de Rocket League. No Rainbow Six Siege, Team Liquid e MIBR entram na luta pela bolsa total de 2 milhões a partir da próxima quinta-feira.

Sim, os valores "assustam". Estamos falando de montantes que, mesmo em um universo em constante expansão e crescimento financeiro, ainda são muito altos. O que, obviamente, faz com que as organizações queiram se envolver e estarem presentes. No caso do Rainbow Six, estamos falando de um torneio de quatro dias, fora do circuito oficial, e bem longe de casa para times brasileiros... Mas que, obviamente, vale a pena quando tudo é colocado na balança.

Trata-se de um movimento que ainda não é tão recorrente, mas tende a ser. Para os organizadores de torneio, dispostos a desembolsar quantidades astronômicas de dinheiro, o esporte eletrônico serve como catalisador de uma mensagem de progresso e mente futurista. Para as publishers, eventos deste porte trazem legitimidade para o jogo e crescem os olhos de elementos fora da bolha. Para as organizações e jogadores... Bom, as cifras falam por si só.

Não se trata, aqui, de julgar a qualidade de um campeonato pela premiação que ele distribui. Obviamente, no meio deste percurso surgirão aventureiros e aqueles que veem nos Esports apenas uma oportunidade passageira. Ao cenário, cabe observar e apoiar quem realmente está interessado no engrandecimento e empoderamento de todos os que compõem o mercado.

Muito do profissionalismo do esporte eletrônico que vemos hoje veio graças, justamente, a campeonatos organizados e que se tornaram tradicionais no cenário. A continuidade deu às publishers a experiência necessária para entender práticas de consumo nas mais diversas frentes. Variar é possível, mas muitas vezes arriscado. Acima de tudo, o nível de exigência precisa ser alto. Hoje, o Esport não pode se contentar com pouco.