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Diogo Silva

Gostou de Cobra Kai? Carateca brasileiro tem um desafio digno de Holywood

"Cobra Kai":  William Zabka repete seu papel como Johnny Lawrence - Reprodução
"Cobra Kai": William Zabka repete seu papel como Johnny Lawrence Imagem: Reprodução

09/09/2020 04h00

Na semana passada estreou na Netflix a série Cobra Kai, baseada no primeiro filme da trilogia Karatê Kid. Diferentemente da produção de 1984, que tem como mocinho Daniel San (Ralph Macchio), a versão do streaming é protagonizada pelo ex-vilão Johnny Lawrence (William Zabka). A série tem dado o que falar na internet, justamente por permitir que o público saiba o que aconteceu com os personagens principais 34 anos depois da trama original. O filme, sucesso de público na década de 1980, é um exemplo de como é possível, pelo menos em Hollywood, vencer um desafio que parece ser impossível.

O Brasil também tem um carateca que está prestes a enfrentar um obstáculo digno das telonas. Douglas Brose, assim como outros atletas, tem aproveitado a pausa nas principais competições mundiais por causa da pandemia da covid-19 para se preparar para a Olimpíada de Tóquio. A competição deve acontecer em agosto de 2021, caso haja uma vacina com distribuição mundial.

O desafio de Brose, contudo, vai além dos adversários no tatame. Aos 34 anos, o brasileiro, uma das principais referências do esporte no mundo, foi bicampeão mundial e campeão dos jogos Pan-Americanos de Toronto em 2015, na categoria até 60 kg. Mas ele recebeu um duro golpe quando viu a divisão que domina por mais de 10 anos ser unificada para a estreia do esporte como modalidade olímpica. Em Tóquio, o caratê competitivo, chamado de kumite, terá apenas três divisões de peso entre os homens e três entre as mulheres.

Ao mesmo tempo em que Brose vê a possibilidade de participar de uma Olimpíada, único torneio que ainda não medalhou, ele se encontra diante do que pode ser um dos maiores desafios da sua carreira.

Ele precisa migrar para uma categoria em que nunca competiu ou perder sua primeira - e talvez última - chance de participar de uma edição dos jogos olímpicos.

Como o caratê não estará na edição olímpica de 2024, na França, os lutadores veteranos veem os jogos de Tóquio como tudo ou nada.

Divisão das categorias

Em Tóquio, por decisão da Federação Mundial de Caratê, o kumite (a luta em si) será disputado em três categorias masculinas (até 67 kg, até 75 kg e mais de 75 kg) e três femininas (até 55 kg, até 61 kg, e acima 61 kg).

Entre os atletas com até 67 kg, o brasileiro Vinicius Figueira é o mais bem ranqueado. Entre os pesos pesados, as chances de Brose são praticamente zero. Sendo assim, restou ao brasileiro apenas a categoria até 75kg, ou seja, 15 kg a mais do que seu peso.

Todos lutadores sabem como o peso influencia nos resultados. Mas, geralmente, vemos competidores perdendo peso para lutar. Um exemplo é o de Acelino Freitas, o Popó, tetracampeão mundial de boxe, que chegava a perder 17 kg para suas disputas, mas, no mesmo dia, recuperava até 7 kg.

No entanto, ganhar 15 kg, sem ter esse peso em água e gordura no corpo, é bem diferente. Não se trata de adquirir 15 kg de gordura, que é mais fácil. Estamos falando de músculos, que resultarão em potência e velocidade.

Crescimento do caratê

O Japão, país sede, proporcionou aos amantes e atletas do caratê a realização de um feito inédito: entrar para o hall dos esportes olímpicos. Com isso, cresceu o número de competidores, de aporte financeiro e da visibilidade.

Um exemplo é a série Diego San, protagonizada pelo carateca Diego Moraes, que conta a história de um jornalista que quer competir em Tóquio. A produção, que está disponível na Globo Play, mostra a rotina de treinos e competições de Moraes.

Os jogos de Tóquio ainda nem começaram, mas Douglas Brose e Diego Moraes provam que têm pela frente desafios dignos do icônico Daniel San, do longa Karatê Kid.