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Diego Garcia

REPORTAGEM

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Sem vender camisa desde março, Botafogo pode ter prejuízo de R$ 16 milhões

Patrick de Paula, do Botafogo, em jogo contra o Ceilândia pela Copa do Brasil - Thiago Ribeiro/AGIF
Patrick de Paula, do Botafogo, em jogo contra o Ceilândia pela Copa do Brasil Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL

13/10/2022 04h00

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Ainda sem vender seu uniforme neste ano - estão em pré-venda no site oficial -, o Botafogo pode ter um prejuízo total de até R$ 16 milhões pelo rompimento do acordo com a Volt para a produção das peças. O assunto vem sendo discutido há alguns meses dentro do clube, que vive ambiente político apreensivo com o atraso na apresentação dos relatórios financeiros da SAF.

Segundo calculam fontes ligadas ao clube, o prejuízo se divide assim: seriam pelo menos R$ 3 milhões que o clube terá que gastar em peças que teria gratuitamente pela parceria anterior; uma perda de faturamento de R$ 8 milhões nos últimos 8 meses sem material de venda; mais R$ 2,5 milhões em multas e devolução das luvas à Volt.

E a conta pode ser enviada ao torcedor. Apesar de a SAF dizer que os uniformes estão sendo adquiridos a preços de custo, notas fiscais às quais a coluna teve acesso mostram que as primeiras levas de uniformes foram compradas a R$ 1 milhão por 815 camisetas de jogo brancas e 815 listradas, mais 255 shorts.

De acordo com fontes ouvidas pela coluna, o valor é bem superior ao que era gasto com a Volt, que ainda previa, por contrato, 30 mil peças gratuitas, luvas antecipadas e royalties, variando entre R$ 8 milhões a R$ 12 milhões de faturamento anual ao Botafogo com vendas.

Porém, sem as peças que seriam cedidas sem custos em comparação aos valores que devem ser desembolsados no acordo com a Wev, o clube deve ter um custo estimado de R$ 3 milhões em equipamentos que teria de graça no acordo anterior, rompido por John Textor.

O clube paga antecipadamente pelos uniformes, e à vista, sem a possibilidade de parcelamento. O torcedor do Botafogo está há meses sem poder comprar a camisa do time.

Até o fim de 2021, o time alvinegro tinha acordo com a Kappa. A empresa parou de fabricar as peças pois a Volt assumiria neste ano. O que ocorreu, porém, foi que a nova parceira teve o vínculo desfeito. As fontes alegam que ela tinha todo o material pronto, e já havia pago R$ 2,5 milhões de luvas antecipadas.

Textor adquiriu o controle antecipado de 80% das ações do Botafogo, condicionado a obrigações de prestar contas, o que não vem sendo feito. Outros 10% seriam convertidos pelo empréstimo, que ainda deve ser aprovado pelo Conselho no próximo dia 13 de outubro.

Os demais 10% estão nas mãos de outros acionistas, no caso, 1,3 mil sócios, que também terão prejuízo com as manobras do americano, o que vai contra dispositivos da Lei das Sociedades Anônimas.

O Botafogo chegou ao acordo com a Wev pelas mãos de Thairo Arruda, diretor da SAF, que a apresentou como uma solução rápida para resolver o problema dos uniformes. O cartola chegou à empresa por meio de seu dono, Gabriel Garcia, com quem já teve parcerias comerciais antigas.

O advogado Jorge Gallo, que é próximo a John Textor, fez a recomendação do rompimento com a Volt, ficando responsável por eventuais problemas jurídicos que a rescisão contratual pudesse causar. Os conselheiros do clube já previam os prejuízos que seriam causados por esta decisão.

"O Botafogo não vai comentar sobre informações internas de gestão e afirma que os fatos relatados não procedem. É de conhecimento público que o Botafogo está negociando com um novo fornecedor de material esportivo para a próxima temporada, alinhada aos critérios e modelo de negócios desenhados pela SAF. O Botafogo lamenta também que informações enviesadas por terceiros tenham força de matéria em um veículo representativo como UOL. Como ponto complementar à reportagem, já que não há nenhuma citação a respeito, recomendamos a leitura do recente informe de gestão que foi noticiado publicamente: 'Botafogo adota estratégia disruptiva e inovadora no mercado de merchandising de material esportivo; Além de Campinas, está sendo avaliada filial da SAF em Goiânia para maximizar receitas com oportunidades fiscais e logísticas, Veja aqui'.