Topo

Danilo Lavieri

Dome não pode pedir tempo no Flamengo, e sombra de Jesus acelera desgaste

Honda e Pedro Rocha no clássico entre Flamengo x Botafogo pela 5ª rodada do Brasileirão 2020 - Alexandre Vidal/Flamengo
Honda e Pedro Rocha no clássico entre Flamengo x Botafogo pela 5ª rodada do Brasileirão 2020 Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

Colunista do UOL

23/08/2020 13h03

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O nível apresentado pelo Flamengo em 2019 e a expectativa gerada para a temporada de 2020 com a manutenção dos atletas mais importantes são fatores que desgastariam qualquer treinador que fosse sucessor de Jorge Jesus. Com Domenec Torrent a situação se acelera porque ele não tem nenhum tempo para errar.

O jogo contra o Botafogo não foi horrível, mas o nível de exigência do torcedor flamenguista hoje em dia é muito alto. O time dominou praticamente todo o jogo, fez Gatito trabalhar diversas vezes, viu Diego Alves fazer pouco para defender e sofreu o gol nos acréscimos. Depois ainda buscou o empate em pênalti justamente marcado.

Antes de tomar o gol, o Flamengo teve praticamente 70% da posse de bola, finalizou mais, acertou mais o gol, mas ficou longe de dar show, de brilhar, de empolgar. E essas eram marcas do Flamengo de Jesus. Foram cinco títulos e quatro derrotas na temporada. Não é para qualquer um.

O espanhol chegou ao Brasil e, por mais que tentasse acompanhar o Flamengo anteriormente, não conhecia todo o elenco. Fez algumas tentativas estranhas como tirar todos os meias e encher o time de atacantes na estreia. Substituiu Everton Ribeiro insistentemente. E, hoje, no jogo contra o Botafogo, centralizou Bruno Henrique e mudou Gabigol de posição, além de colocar Gerson e Arrascaeta no banco.

Gerson foi o motor do time no ano passado. Recuado para volante, ele dava o ritmo do time e conseguiu ser candidato até a uma vaga no disputado meio-campo da seleção. Arrascaeta ficava no banco de reservas com Abel e, quando escalado de titular por Jesus, mudou a criação flamenguista.

Gabigol se destacou por não ter uma posição fixa, por ter pouca responsabilidade defensiva e por conseguir trocar de posição com Bruno Henrique quando precisava dentro do jogo. Sua irritação dentro de campo é nítida e isso reflete diretamente nas suas escolhas técnicas.

Mudar as responsabilidades da dupla e a engrenagem do meio-campo pode até dar certo, mas demanda tempo, coisa que Domenec não tem agora.

Ele começou a sua passagem já no Brasileirão, sem o Estadual para errar e consertar. Sem uma semana cheia para poder treinar e tudo isso com o melhor elenco do país à disposição. No mundo ideal, deveríamos dar tempo para que ele implante a sua filosofia e colha resultados. Mas é bom que o espanhol entenda rápido que, por aqui, a paciência com treinadores não é uma tradição.