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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sucesso de Scaloni na Argentina abre as portas para Diniz na Seleção?

Fernando Diniz, técnico do Fluminense, em jogo contra o Goiás pelo Brasileirão - Thiago Ribeiro/AGIF
Fernando Diniz, técnico do Fluminense, em jogo contra o Goiás pelo Brasileirão Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

20/12/2022 13h25

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Já escrevi algumas vezes sobre minha incompreensão acerca do Dinizismo. A admiração por um treinador que nunca ganhou nada. Mas que tem uma concepção bonita de jogo, que coloca seus times para jogar um futebol moderno, seja lá o que isso signifique.

Chamem de resultadismo. Parecia-me bizarro considerar até para a Seleção um técnico sem canecos no currículo.

Aí veio a Copa do Mundo e o sucesso de nomes pouco testados, como Lionel Scaloni e Walid Regragui.

O argentino é a exceção que confirma que não há regra. Conquistou o maior título do futebol mundial aos 44 anos, no seu primeiro trabalho como comandante principal.

Em 2018, trabalhara como auxiliar técnico de Sampaoli, na caótica campanha que acabou já nas oitavas. Como não achavam um substituto, Scaloni foi ficando.

Não venceu a Copa América de 2019, mas mostrou o caminho: fazer a seleção funcionar ao redor de Messi. Foi mantido e o resto é história: acabou com a seca de mais de 30 anos sem títulos com a Copa América de 2021, batendo o Brasil em pleno Maracanã, e mudou a equipe diversas vezes até chegar à consagração final com a vitória épica sobre a França.

Não era ninguém na fila do pão. Saiu do Qatar dono do mundo.

Seria, então, o momento de dar uma chance a um novato também no Brasil? Talvez. Estamos há mais de 20 anos dando chance a gente tarimbada, com pouco efeito — fora o experimento com Dunga, que a gente sabe no que deu.

A questão com Diniz, para mim, é que ele não representa exatamente uma novidade. Não é um cara desconhecido, sem qualquer experiência ou passagens significativa por clubes grandes.

Depois de comandar Athletico-PR, Fluminense (duas vezes), São Paulo, Santos e Vasco, ele tem zero títulos relevantes e cerca de 50% de aproveitamento na carreira. Ele já foi testado no alto nível. E, por enquanto, só conquistou a devoção de algumas pessoas importantes. O que não é pouca coisa, mas não é título.

Quer dizer que não daria certo? Quer dizer que há brasileiros mais qualificados para matar esse desafio no peito? Não necessariamente. Até porque nossa escola de treinadores ainda deixa bastante a desejar e treinar Seleção é diferente de treinar clube.

Só não dá para tratar Fernando Diniz como uma novidade, um respiro, uma aposta. Diversos times já apostaram nele. E os frutos ainda não vieram.