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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Cuca se cala quando não deve e fala demais quando não precisa

Cuca, técnico do Atlético-MG, contra o Internacional pelo Brasileirão - RICARDO RIMOLI/UAI FOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Cuca, técnico do Atlético-MG, contra o Internacional pelo Brasileirão Imagem: RICARDO RIMOLI/UAI FOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

15/08/2022 15h19

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Cuca até hoje não se pronunciou verdadeiramente sobre o caso em que foi condenado por violência sexual na Suíça. Ah, mas lá vem você com isso de novo?

Virei sempre, até que ele o faça.

Hoje venho porque Cuca demonstrou, no final de semana, que não foge de polêmicas. Que aproveita a primeira deixa para devolver o que considerou uma declaração desrespeitosa.

Abel quis lhe dar uma aula depois da eliminação na Libertadores? Talvez. O português explicou que o adversário "não tinha gente por dentro para explorar as linhas", respondendo a uma pergunta sobre uma fala do próprio Cuca, segundo o qual a partida teria ficado mais difícil com um a mais. Já era uma bobagem, mas ontem ele se superou:

"Quando você está vencendo, tudo que você faz é perfeito, bonito, maravilhoso. Se você sai para o vestiário e vai escutar música na hora dos pênaltis e ganha, vira moda. E se perdesse? Quando você cai seis vezes no mesmo canto e ganha, é legal. Você lembra o Muralha que caiu seis vezes e perdeu? Quando você tem dois jogadores expulsos não passa nada porque a cabeça é fria, mas não foram cabeça fria, podiam ter quebrado um jogador. Se a derrota vem para eles nesse jogo, vocês estavam cobrando as duas expulsões, as seis caídas no mesmo canto, o treinador que não ficou para os pênaltis."

Apequenou-se, mais uma vez. Perdeu a oportunidade de ficar calado e focar em celebrar sua primeira vitória em cinco jogos nessa volta ao Galo. Em fazer o seu para salvar uma temporada em que duas oportunidades valiosíssimas de títulos já ficaram para trás.

Abel é menos treinador porque não fica para ver pênaltis? Se Weverton foi tão incompetente por cair seis vezes para o mesmo lado, o que dizer dos atleticanos que não se aproveitaram dessa "falha" para sair vitoriosos da disputa? Quantos pênaltis o (ótimo) goleiro do time dele pegou, variando os lados?

Ademais, chamar o futebol do Palmeiras de 2022 de reativo talvez explique por que ele não consegue derrotá-lo. Talvez confirme o que muitos já pensam: Cuca não é isso tudo como treinador.

Terminar com o "pronto, falei" colocou o selo final da amargura, de quem está "por aqui" com esse cara que sempre dá um jeito de passar por mim na Libertadores.

Já não vi problema na ironia de Mano Menezes, na sequência do atropelo do seu Inter sobre o Fluminense de Fernando Diniz: "Vocês ouviram uma aula aí na semana passada, que tem que botar gente dentro do bloco e não pode só jogar fora do bloco, então vamos trabalhar isso. É necessário." Totalmente do jogo.

No mínimo, irônico, para não dizer lamentável, Cuca se colocar na posição de vítima, entalado com coisas a dizer, sufocado por quem lhe atira umas verdades na cara. Por que não fala então sobre o que realmente importa?

Se não tem nada de construtivo a dizer, se não consegue mostrar resultado dentro de campo, se não está disposto a dar satisfações à sociedade, deveria então falar menos e fazer um pouco mais.