Topo

Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

CBF responde ao ofício do Palmeiras, admite erro e segue tudo na mesma

Cabine de VAR - Reprodução/Premiere
Cabine de VAR Imagem: Reprodução/Premiere

18/07/2022 18h04

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Segundo apurou o jornalista Francisco De Laurentiis, do site ESPN.com.br, a CBF respondeu há pouco ao ofício do Palmeiras, que contestava três decisões da arbitragem contra a equipe, na partida em que acabou eliminada pelo São Paulo, nas oitavas de final da Copa do Brasil.

Diz o documento:

- A CBF não considera que houve pênalti de Diego Costa em Dudu, no 1º tempo. Na visão da Comissão de Arbitragem, o jogador alviverde dobrou os joelhos e caiu sozinho

- A CBF considera que houve pênalti de Gustavo Gómez em Calleri, no 2º tempo. Na visão da Comissão de Arbitragem, o zagueiro puxou o atacante com força suficiente para fazê-lo perder o equilíbrio

- A CBF admite que houve erro no protocolo do VAR, já que não foi checado possível impedimento de Calleri na origem do lance em que o pênalti foi marcado. A Comissão admite que isso deveria ter sido revisado

O Palmeiras, então, respondeu com outro ofício, requisitando que a CBF trace as linhas que comprovariam o impedimento de Calleri.

O que mais me impressiona nesse episódio é como tantas pessoas podem errar ao mesmo tempo. E não digo, especificamente, contra o time alviverde. Não faltam exemplos de falhas. Neste final de semana mesmo, um lance claro de pênalti para o Bahia não foi sequer chamado pelo VAR, na Série B.

São quatro árbitros em campo e dois no vídeo. E nenhum se lembrou de um elemento básico do protocolo: checar a origem da jogada? Árbitro não percebeu, bandeira não viu, VAR esqueceu. É de uma incompetência atroz. Sem falar na consequência gigantesca para o Palmeiras - e quase nula para quem errou.

Pessoalmente, discordo do critério que não enxerga pênalti em Dudu e confirma falta em Calleri, que ademais claramente puxa a camisa de Gustavo Gómez, antes de cair. Isso, porém, cai na vala da interpretação. O lance do impedimento, não.

Não defendo que haja perseguição ao Palmeiras, que seja má vontade ou corrupção. Parece-me ser falta de capacidade técnica, treinamento, profissionalismo.

Mas enquanto a CBF seguir se escondendo atrás da plaquinha de "desculpem o transtorno, estamos trabalhando para melhor atendê-los", com erros gravíssimos se sucedendo, ela se abrirá cada vez mais às suspeitas de algo pior.

Qualquer esperança de uma Liga séria no país precisa passar por uma transformação profunda na arbitragem. Não de tecnologia, mas de pessoal. Errar é humano, mas o que faz a arbitragem brasileira com quem gosta do esporte chega a ser desumano.