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14 Anéis

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Distribuindo prêmios individuais de fim de ano para a temporada 2022 da NBA

Monty Williams e Chris Paul, do Phoenix Suns, se abraçam para comemorar título da Conferência Oeste da NBA - Gary A. Vasquez/USA TODAY Sports
Monty Williams e Chris Paul, do Phoenix Suns, se abraçam para comemorar título da Conferência Oeste da NBA Imagem: Gary A. Vasquez/USA TODAY Sports

05/04/2022 04h00

Ontem começamos aqui no 14 Anéis as análises sobre os prêmios de fim de ano na NBA, com o meu voto para o prêmio de MVP. Agora, continuamos a cobertura passando pelo resto dos prêmios individuais da temporada 2021-22.

Defensor do Ano

Durante a primeira metade do ano, parecia que Draymond Green era uma certeza aqui; mas então Dray machucou e perdeu tempo demais, e a disputa ficou aberta. E, como sempre vale lembrar, defesa é algo extremamente difícil de se medir ou avaliar; não tem algum número global para você olhar ou um script de como fazer análise a respeito. Exige enorme trabalho, análise de vídeo e números, atenção e compreensão para se chegar em uma opinião - um dos motivos pelos quais esse prêmio acaba sendo entregue mais para narrativa do que necessariamente para a realidade.

Dito isso, depois de estudar bastante, eu resumi uma lista dos meus seis candidatos para o prêmio: Marcus Smart, Robert Williams, Mikal Bridges, Bam Adebayo, Jaren Jackson Jr e Giannis.

Pensando por jogo, eu acho que Adebayo foi o defensor mais impactante da temporada, mas Bam deve acabar o ano com menos de 60 partidas disputadas, tirando em muito as oportunidades dele impactar o jogo - o mesmo vale para Williams. JJJ protegeu o aro como um maníaco, mas sofreu nos rebotes defensivos. Giannis pareceu cair uns 10% conforme poupa suas forças.

No final, minha decisão ficou entre Smart e Bridges, e eu não consegui ignorar o quão dominante foi a defesa dos Celtics. Ela é a melhor da temporada, sim, mas na segunda metade do ano ela foi talvez a melhor da história recente do esporte - e Smart é um dos grandes motivos. Tirando Bam, nenhum jogador na NBA trocou mais corta-luz, e a capacidade de Smart de defender cinco posições nesse sentido é um dos pilares da defesa dominante dos Celtics. Ele até mesmo chega a defender pivôs para que Boston possa manter Williams e seus protetores de aro mais livres pela quadra. Nenhum armador ganha o prêmio desde Gary Payton em 1996, mas em uma NBA que cada vez valoriza versatilidade, ter alguém capaz de defender qualquer jogador E destruir as ações ofensivas adversárias no ponto de ataque é de extremo valor.

Final: 1. Smart; 2. Bridges; 3. Antetokounmpo.

Calouro do Ano

Em um ano excepcional para os calouros da NBA, esse é um prêmio particularmente difícil. Os quatro principais nomes da classe - Evan Mobley, Franz Wagner, Cade Cunningham e Scottie Barnes - todos possuem argumentos fortes mas completamente diferentes entre si, ao ponto que ovoto acaba dependendo mais de critérios e preferências. Prefere produção bruta? Eficiência e consistência? O maior auge? Impacto total? Dependendo de como você optar, o resultado pode mudar.

Eu, pessoalmente, também tenho meu critério. Na NBA, qualquer jogador talentoso pode acumular bons números se tiver muitas oportunidades em um time ruim sem compromisso em vencer os jogos; chegar na liga, se adaptar a um time e encontrar dentro desse novo contexto uma forma de contribuir efetivamente para um time competitivo enquanto mantém boa produção, por outro lado, é extremamente raro e verdadeiramente especial. E não digo isso como se Cade e Wagner fossem buracos negros atrapalhando seus times - pelo contrário, existe evidência tangível de que seus times são melhores e até competitivos quando esses dois estão produzindo - mas o que Mobley e Barnes fizeram em times de playoffs é bem mais valioso.

Mobley, em especial, liderou o ano todo essa corrida, mas a queda recente dos Cavs abriu a brecha para que Barnes entrasse de vez na conversa. Ainda assim, eu fico com Mobley por um motivo simples: desde o primeiro dia, Mobley recebeu uma responsabilidade gigantesca nos Cavs e precisou corresponder para impulsionar a equipe, enquanto Barnes - ainda importante, é claro! - tinha mais margem para flutuação e erro. Claro, parte disso vem de Barnes ter mais talento ao seu redor em Toronto, mas esse é o ponto: por causa dessa escassez, os Cavs dependeram da produção de Mobley em um nível muito maior do que os Raptors de Barnes, e Mobley corresponder com defesa nível All-NBA e bom ataque foi um dos maiores motivos pela supreendente temporada da equipe. Ele é meu voto.

Final: 1. Mobley; 2. Barnes; 3. Cunningham.

Técnico do Ano

Em um momento onde temos um número grande de ótimos técnicos na NBA, esse prêmio tem vários candidatos merecedores: Ime Udoka, que transformou um Boston decepcionante no bicho papão da NBA; o sempre subestimado (e Hall da Fama) Erik Spolestra, que manteve Miami no topo do Leste meio a diversas lesões; Nick Nurse, fazendo sua mágica de sempre no Canadá; Taylor Jenkins, ajudando Memphis a fazer um salto para contender - e isso para citar alguns.

Mas... vamos lá, não tem como ser outro nome aqui que não Monty Williams, certo? Ao contrário de 2021, quando os Suns tiveram uma sorte excepcional com lesões e saúde em meio a uma pandemia de COVID, Phoenix foi um dos times mais afetados por lesões em 2022, e continua com um ataque E uma defesa Top3, rumo a 65 vitórias e 8-9 a mais que qualquer outro time da liga. O time é uma máquina de eficiência e consistência, ao ponto de que as peças podem mudar que o resultado continua sendo excelente. Paul se machuca, o time não perde o embalo. Jogadores jovens como Bridges e Cam Johnson continuam evoluindo e atingido um novo nível. Jogadores que estavam fora da NBA, como Bismack Biyombo e Torey Craig, entram no time e jogam como se fossem titulares de longa data.

É um trabalho verdadeiramente incrível, e os resultados refletem isso.

Final: 1. Williams; 2. Spolestra; 3. Jenkins.

Sexto Homem do Ano

Eu normalmente odeio esse prêmio porque ele é uma gigantesca simplificação, e acaba indo para o reserva que mais pontua na liga ao invés do reserva que realmente tem o maior e mais significativo impacto para seu time - Iguodala não ganhar o 6MOY nenhuma vez em Golden State sendo a maior prova da falência moral desse prêmio. Ainda assim, em alguns anos as duas coisas acabam por coincidir, e o melhor reserva É o que mais pontuou.

2022 é um desses casos. Tyler Herro é hoje o vigésimo terceiro maior pontuador da NBA, com 20,6 pontos por partida; você precisa descer até o #59 da lista para encontrar outro reserva entre os principais pontuadores da liga (Jordan Clarkson, com 16,1). Mas não é apenas pontuação: Herro recebeu uma responsabilidade muito maior que antes também na criação, para si e para os companheiros, e tem correspondido em ambos com maestria. Miami inclusive tem frequentemente colocado a bola nas suas mãos - e não nas de Adebayo ou Butler - para criar ataque em momentos críticos, e embora os resultados não tenham sido dos melhores, o fato dele ser encarregado do papel e não ter sido um desastre já diz muito sobre como Miami enxerga seu jogador. Herro não é só um pontuador vindo do banco, ele é parte fundamental do tecido que compõe o Heat, e é isso que eu busco nos meus sextos homens do ano.

Final: 1. Herro; 2. Cam Johnson; 3. Kleber.

Jogador Que Mais Evoluiu

Outro prêmio subjetivo e extremamente dificil de avaliar, porque o que exatamente significa uma "maior evolução"? Jogadores como Maxey e Bane tiveram grandes evoluções em 2022, mas é esperado que segundanistas tenham grande melhora, certo? E qual evolução é mais importante entre, digamos, Robert Williams e Tyler Herro? E o que fazer com por exemplo Max Struss, que veio do nada para ser um sólido jogador de NBA? Isso é uma evolução, ou ele simplesmente só foi descoberto agora? E, por exemplo, Anfernee Simons, que explodiu em um time tentando perder jogos em um papel diferente? É muito difícil, pra não dizer impossível, achar uma lógica "certa" no meio disso.

Novamente, caímos em critérios e preferências. Eu, pessoalmente, tendo a valorizar demais as melhorias que mais impactam o cenário amplo da NBA - e, nesse cenário, não existe uma evolução mais significativa do que o bom jogador que passou a ser uma grande estrela. Estou, é claro, falando de Ja Morant: a gente sabia que Morant era bom e em uma trajetória de crescimento, mas a melhora absurda que ele teve em 2022 mudou a NBA por completo. Um ano atrás, Morant nem tinha sido All Star; agora ele é um dos, digamos, 8 melhores jogadores da temporada. Não só essa é a evolução mais difícil e importante de acontecer, mas é a diferença entre Memphis ser um time de play-in e ser o segundo melhor do Oeste como sério candidato ao título. O simples impacto de um salto como o de Morant supera qualquer outro dentro da NBA, e para mim faz dele um muito legítimo candidato ao MIP.

Final: 1. Morant; 2. Garland; 3. Dejounte Murray.