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OPINIÃO

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Vitor: Analisando as disputas ainda abertas na Conferência Oeste da NBA

LeBron James durante partida do Los Angeles Lakers na NBA em dezembro de 2021 - Jerome Miron-USA TODAY Sports
LeBron James durante partida do Los Angeles Lakers na NBA em dezembro de 2021 Imagem: Jerome Miron-USA TODAY Sports

03/03/2022 04h00

Conforme a NBA se prepara para entrar na sua reta final, é engraçado olhar para trás e lembrar que essa costumava ser a parte mais morta da temporada da NBA. Começando março, a maioria dos times de playoffs da NBA já estavam definidos, e essas equipes começavam a descansar seus jogadores; do outro lado do espectro, times sem chance de pós-temporada começavam a colocar os reservas para tentar perder e conseguir uma posição melhor no Draft.

Mas isso mudou: com a criação do play-in (que aumentam as vagas em disputa nos playoffs) e as novas regras de loteria (que diminuem o incentivo para o tanking), cada vez mais times tem incentivos para continuar competindo até o último dia da temporada regular. Então vamos dar uma passada pela conferência Oeste e ver quais brigas ainda estão em aberto, e quais times estão em cada uma delas.

Os favoritos ao título

Desde o começo da temporada, Warriors e Suns se destacaram como os dois mais fortes candidatos ao título da conferência Oeste —uma percepção que, quase cinquenta jogos depois, permanece igualmente válida. E, se os dois times não tem muito pelo que jogar nessa reta final, o desafio de ambos é simples: ficar saudável para os playoffs.

No lado dos Suns, seu melhor jogador (Chris Paul) está fora até o começo dos playoffs com uma lesão na mão. Os Suns tem uma vantagem substancial de 6,5 jogos sobre o segundo colocado (Warriors), então a primeira colocação está praticamente garantida, e ter Paul saudável para a pós-temporada é fundamental para suas pretensões de títulos.

Já os Warriors não têm tanta segurança de manter a segunda posição —Memphis está apenas uma derrota atrás— mas é improvável que isso importe para Golden State. A diferença para o quarto colocado é grande suficiente (4 jogos), e no Oeste dificilmente escolher adversário na primeira rodada vá ser muito produtivo. Os Warriors ainda não jogaram uma partida sequer com seu trio de estrelas (Curry, Thompson e Green) juntos, e eles sabem que suas chances de título estão atreladas ao seu Big Three; colocar esse trio em quadra em abril é a única preocupação dos Warriors no momento.

Mando de quadra

Considerando que Suns e Warriors devem garantir o mando de quadra na primeira rodada dos playoffs, restam duas vagas para quatro times: Memphis, o terceiro colocado, está cinco jogos à frente do quinto (Dallas), enquanto o sexto colocado Nuggets está apenas dois jogos atrás do quarto colocado, Utah.

Memphis, com a maior vantagem entre eles e o calendário mais fácil restante, é uma aposta segura para ficar com uma dessas vagas, o que deixaria os outros três disputando a última. Curiosamente, Utah - que hoje tem vantagem de dois jogos sobre os Mavs —enfrenta duas vezes seu adversário direto pela vaga, ainda que ambas em Dallas. Esses confrontos diretos podem acabar se provando decisivos para decidir essa quarta vaga.

Outro questionamento que vale ser feito é: se os times realmente tem a percepção de que os Suns são —como os números e campanha indicam— um bicho-papão acima dos demais da conferência, será que alguém pode acabar forçando um pouco para ficar com a sexta posição ao invés de disputar a quarta/quinta, fugindo assim de Phoenix até as finais do Oeste? Se a resposta for positiva, o principal candidato a isso seria os Nuggets, outro time que tem como principal preocupação recolocar os jogadores machucados para jogar e que tem um histórico recente de aceitar perder alguns jogos em troca de confrontos mais favoráveis na pós-temporada.

Fugindo do play-in

Em teoria, Dallas e Nuggets poderiam ser ultrapassados por Wolves ou Clippers na tabela e serem obrigados a disputar o play-in, enquanto um dos dois menos bem classificados conseguiria a classificação direta para a pós-temporada. Mas, sendo sincero, é difícil enxergar: a diferença entre Nuggets (#6) e Wolves (#7) hoje é de quatro derrotas, e tanto Denver como os Mavericks são um time melhor do que o time de Minnesota. Existe a chance, claro, e Wolves e Clippers brigarão por ela até o fim porque a diferença é gigantesca, mas parece improvável que se concretize.

Curiosamente, Wolves e Clippers também parecem sofrer poucas ameaçadas de quem está abaixo, mantendo uma diferença confortável para o nono colocado e se mantendo na importante posição do play-in onde só precisam vencer um, e não dois, jogos para avançar para os playoffs.

Últimas vagas do play-in

Eu estava pessimista sobre a ida de Russell Westbrook para os Lakers desde o começo, é verdade, mas eu absolutamente não esperava chegar nesse ponto do ano discutindo nem sequer sobre se os Lakers conseguem escapar do play-in para classificar direto, mas se eles sequer conseguirão a vaga no play-in em primeiro lugar. Sentando hoje cinco jogos atrás dos Clippers e com o segundo calendário mais difícil no resto da temporada, é bem difícil ver os Lakers subindo na tabela. Ao que tudo indica, Los Angeles precisará vencer dois jogos no play-in se quer chegar nos playoffs - e isso se conseguirem manter a posição.

Pelas duas vagas finais do play-in, disputam com os Lakers as equipes dos Pelicans, Blazers, Spurs e Kings. A diferença separando os Lakers do décimo primeiro time (Blazers) é de apenas dois jogos; a diferença entre Pelicans/Blazers (que estão empatados) e Spurs é de uma vitória, e de três para os Kings. De certa forma, essa promete ser a disputa mais intensa da reta final, especialmente considerando que desse grupo Blazers e Pelicans tem o calendário mais favorável.

Escolha #1 do Draft

Considerando que os Kings ainda estão comprometidos em buscar a décima colocação e a última vaga no play-in (como sua série recente de movimentos indica), isso deixa apenas dois times do Oeste no fim da tabela pensando apenas no Draft: o Oklahoma City Thunder, e o Houston Rockets.

Nesse confronto para ver quem é pior —e, portanto, ter melhores chances na loteria do Draft— os Rockets têm uma vantagem que parece inatingível, quatro jogos abaixo do adversário. Isso é importante porque, hoje, os três piores times da temporada possuem probabilidades iguais de ficar com a escolha #1, probabilidades essas que vão caindo a partir da quarta pior campanha. Houston, hoje, tem exatamente a terceira pior campanha da liga, dando a eles um incentivo para continuar a perder o máximo possível (a equipe, aliás, vem de uma sequência de 10 derrotas consecutivas). Desnecessário dizer, esse não é o time que você quer assistir nessas últimas semanas.