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TSE destinará R$ 110,6 milhões para Forças Armadas atuarem nas eleições

Colaboração para o UOL

25/07/2022 10h05Atualizada em 25/07/2022 12h28

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vai destinar às Forças Armadas R$ 110.614.522,30 para atuarem na realização das eleições deste ano em meio aos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Corte e acusações infundadas de fraude, que contam com incentivo de militares. A informação foi noticiada pelo jornal O Globo e confirmada pelo UOL.

O valor total supera o que foi encaminhado pelo TSE às Forças Armadas nas eleições de 2018. Naquele ano, a Corte destinou R$ 54.989.269,31 aos militares, o que, corrigido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em junho, representa R$ 71.261.454,30 atualmente.

O Exército é a Força que mais receberá recurso do orçamento do TSE, R$ 83.800.521,32. Desse total, segundo a própria Corte, R$ 38.424.038,64 são destinados para apoio logístico, e R$ 45.376.482,68 pela garantia GVA (Garantia da Votação e Apuração).

Já a Aeronáutica será contemplada com R$ 14.854.864,76. A maior parte desse valor, R$ 14.337.897,35, será destinada a apoio logístico. Os outros R$ 516.967,41 devem ser utilizados para GVA. A Marinha receberá R$ 11.959.136,22, sendo R$ 6.702.392,30 para apoio logístico, e R$ 5.256.743,92 para GVA.

A assessoria de comunicação do TSE disse que ainda não há data prevista para o repasse ser realizado.

Conflito entre TSE e Defesa

O TSE e o Ministério da Defesa protagonizam um conflito público em meio aos ataques do presidente Jair Bolsonaro e sugestões enviadas pelas Forças Armadas para supostamente garantir mais confiança às urnas eletrônicas.

No último dia 19, a Corte rebateu as declarações do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, sobre três propostas consideradas "essenciais" pelos militares para o processo eleitoral. Em nota, a Corte diz que as medidas já foram "devidamente analisadas".

Antes, Nogueira já havia cobrado, durante audiência no Senado, que o TSE respondesse sobre diversas "sugestões" das Forças Armadas para as eleições — a principal delas seria a realização de um teste de integridade nos locais de votação.

Tais testes consistem em uma "votação paralela" em que votos são computados em uma urna eletrônica e em células de papel. O teste é conduzido em um ambiente controlado, na Justiça Eleitoral, e serve como uma etapa de auditoria do sistema. Os votos em papel são somados e conferidos com o total de votos proferidos nas urnas eletrônicas.

Nogueira queria que o processo, hoje realizado em um ambiente controlado, fosse feito em paralelo nos locais de votação com a participação voluntária de eleitores das seções.

Em nota, o TSE diz que o teste de integridade faz parte das auditorias do processo eleitoral, "sendo regulamentado por norma específica, que deve ser rigorosamente cumprida pelos técnicos da Justiça Eleitoral e pelo pessoal de apoio logístico".

PL oficializa Bolsonaro candidato, que ataca STF

O Partido Liberal (PL) oficializou ontem a candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição. No discurso, Bolsonaro fez diversos ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas, e também ao STF (Supremo Tribunal Federal). O público reagiu com gritos de "o Supremo é o povo". Bolsonaro chegou a convocar um ato para o dia 7 de setembro, dizendo que os "surdos de capa preta" precisam entender o que é a voz do povo.

Bolsonaro conclamou os apoiadores a protestarem contra o STF, na escalada de tensão envolvendo seus questionamentos ao sistema eleitoral. Sem especificar por que, Bolsonaro disse que a manifestação em 7 de setembro será "a última vez" que os apoiadores irão às ruas. Ele atacou mais uma vez o STF, chamando os ministros de "surdos de capa preta".

"Nós não vamos sair do Brasil. Nós somos a maioria, somos do bem. Nós temos disposição para lutar pela nossa liberdade e nossa pátria. Convoco todos vocês agora para que todo mundo no 7 de setembro vá às ruas pela última vez. Esses poucos surdos de capa preta tem que entender a voz do povo. Tem que entender que quem faz as leis é o legislativo e o executivo. Todos tem que jogar dentro das quatro linhas da Constituição."