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Caso Genivaldo: 'Aquilo é comportamento da polícia?', questiona Lula

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a chacina que deixou pelo menos 25 pessoas mortas na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio de Janeiro - EPA/LUCA PIERGIOVANNI
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a chacina que deixou pelo menos 25 pessoas mortas na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio de Janeiro Imagem: EPA/LUCA PIERGIOVANNI

Do UOL, em São Paulo

31/05/2022 10h48Atualizada em 31/05/2022 15h31

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou, hoje, sobre a ação policial que matou, por asfixia, Genivaldo de Jesus Santos, um homem negro de 38 anos, em Umbaúba, litoral sul de Sergipe. Policiais rodoviários federais prenderam Genivaldo no porta-malas da viatura e jogaram uma bomba de gás.

"Aquilo é comportamento da polícia?", questionou Lula. "É falta de preparação, falta de inteligência que só é justificada pela ausência do Estado. Se o Estado tivesse chegado antes, certamente a polícia seria mais um ingrediente de política social."

O ex-presidente também opinou sobre a chacina que deixou pelo menos 23 pessoas mortas na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio de Janeiro, na terça-feira (24). Em entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Band Porto Alegre, Lula classificou a ação policial como um "genocídio" e criticou a falta de políticas públicas no Brasil.

"A gente pensa que a polícia resolve o problema, mas quando vai, é para atirar. Não para resolver o problema. Se não tivesse a ausência do Estado na educação, saúde, cultura, lazer, saneamento básico, a polícia seria só componente para manter a tranquilidade", afirmou o ex-presidente Lula. "Acontece que as pessoas ficam abandonadas e o estado só aparece quando é para matar alguém."

Acho abominável esse genocídio que acontece no Brasil. Nesse dia, morreu mais gente pela Polícia do Rio do que na guerra da Ucrânia.
Lula comenta operação policial na Vila Cruzeiro

A ação policial na Vila Cruzeiro se tornou a segunda operação mais letal da história do estado —atrás apenas da chacina no Jacarezinho, ocorrida em maio de 2021, com 28 mortos.

O que o governo diz sobre a ação

Após a operação no Rio, o presidente Jair Bolsonaro (PL) parabenizou "os guerreiros" da Polícia Militar e o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais). Uma das vítimas foi Gabrielle Ferreira da Cunha, 41, moradora da Chatuba, comunidade vizinha, baleada dentro de casa.

Ao longo de um ano de gestão do governador Cláudio Castro (PL) no Rio de Janeiro, foram registradas 182 mortes em 40 chacinas, segundo levantamento feito em conjunto pelo Instituto Fogo Cruzado e o Geni (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos), grupo de estudos sobre a violência da UFF (Universidade Federal Fluminense). Castro é aliado do presidente Jair Bolsonaro.

Durante sabatina UOL/Folha realizada há duas semanas, Cláudio Castro defendeu a gestão do governo Bolsonaro e culpou a situação do estado do Rio por "anos sem investimento", tanto na área de saúde quanto na de segurança pública.