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Forças Armadas têm que ter armas para 'defender a gente', diz Lula em MG

O ex-presidente Lula (PT) em evento de pré-campanha em Belo Horizonte - Ricardo Stuckert
O ex-presidente Lula (PT) em evento de pré-campanha em Belo Horizonte Imagem: Ricardo Stuckert

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

10/05/2022 14h12

O ex-presidente Lula (PT) afirmou hoje que armas deveriam ser restritas às Forças Armadas e de segurança no Brasil, "para defender a gente". Em evento de pré-campanha em Contagem (MG), ele voltou a criticar a política de flexibilização armamentista do governo Jair Bolsonaro (PL), seu principal adversário na disputa ao Planalto. Lula e aliados têm procurado estabelecer um diálogo com as FAs.

Esta é a primeira viagem do petista após o lançamento da chapa com Geraldo Alckmin (PSB), em São Paulo, no último sábado (7). Ele participou de um grande evento em Belo Horizonte ontem (9) e deverá seguir para Juiz de Fora amanhã (11), última cidade no trajeto mineiro.

A afirmação se deu junto a uma crítica do petista à política de flexibilização do comércio de armas, estimulada por Bolsonaro, mas também em meio a mais uma polêmica envolvendo governo, Forças Armadas e a Justiça Eleitoral.

Eu vou distribuir livro na escola e ele [Bolsonaro] quer vender armas. Ele não fala a palavra 'educação', ele não fala 'livro', ele não fala nada. Só sabe falar 'carabina, fuzil, pistola', e eu quero dizer: esse país não precisa de armas. Quem tem que ter armas são as Forças Armadas, para defender a gente, e a polícia, para prender quem quer importunar a vida do povo na sua tranquilidade."
Lula (PT), ex-presidente e pré-candidato

Em busca de novos apoios, os petistas não querem criar atritos ainda maiores entre a campanha e as forças de segurança, segmentos em que Bolsonaro tem alta popularidade.

Em 30 de abril, Lula disse que o presidente "não gosta de gente, gosta de policial". A frase logo repercutiu mal na internet, sob questionamentos de que se policiais não seriam "gente". Lula se desculpou no dia seguinte no evento de 1º de Maio, em São Paulo, e em postagem no Twitter.

TSE e Exército

A fala de hoje também pode ser interpretada como um recado, em meio a mais um embate entre o Exército e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) acerca das eleições.

Na última quinta (5), o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, enviou um ofício ao presidente do TSE, ministro Edson Fachin, pedindo à Corte que divulgue os questionamentos das FAs enviados ao tribunal que colocam em dúvida, sem provas, a segurança das urnas eletrônicas.

Na tarde de ontem, Fachin respondeu à iniciativa rejeitando as sugestões o que irritou Bolsonaro— e afirmando, como já divulgado amplamente pelo TSE e pela imprensa, que "não existem salas secretas [de apuração de votos], tampouco a menor possibilidade de alteração de votos no percurso" e que "qualquer desvio numérico seria facilmente identificado".

Lula tem feito duras críticas à política armamentista do governo Bolsonaro, que publicou decretos que alteraram e flexibilizaram a comercialização de armas no Brasil, assunto decidido em referendo nacional em 2005.

Em 2021, a média de armas registradas por ano pelo Exército para a categoria de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) chegou a 705 por dia, o que dá um registro novo a cada dois minutos.

"Esse país está precisando é de mais escola, mais hospital, mais livro, mais cultura. Bolsonaro não gosta de cultura", criticou Lula.