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Temer foi feito 'refém' por grupo no Congresso, diz conselheiro de Lula

Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí: "Fizeram o presidente Michel Temer de refém" - Kleyton Amorim/UOL
Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí: 'Fizeram o presidente Michel Temer de refém' Imagem: Kleyton Amorim/UOL

Do UOL, em São Paulo

06/05/2022 11h05

O ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT), um dos conselheiros da pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, defendeu, em entrevista ao jornal O Globo, diálogo com partidos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e disse que o ex-presidente Michel Temer (MDB) foi feito "refém" por um grupo no Congresso.

Questionado se a economia será um fator relevante para as eleições presidenciais deste ano, Dias avaliou que o tema "sempre pesa" e que há um legado petista nessa área que "prosseguiu até as pautas-bomba começarem a inviabilizar o governo da presidenta Dilma".

Ela [Dilma] não aceitou ser refém de um grupo no Congresso, que se acostumou a colocar presidentes como reféns e depois se apropriou do governo. Fizeram o presidente Michel Temer de refém. Eu era governador, fui parlamentar junto com ele e pude ver a mudança. Hoje, se algum gestor quer liberar verba para uma obra ou ação, vai falar com o presidente da Câmara ou o relator do orçamento Wellington Dias, ex-governador do Piauí, em entrevista ao jornal O Globo

Sobre a busca do PT por lideranças de partidos que se envolveram no impeachment, Dias afirmou ser preciso "separar o joio do trigo" e não olhar para as siglas, e sim para a realidade de cada estado. "Há ampla maioria no Congresso que tem compromisso com o Brasil. No caso do MDB, respeitando o nome da senadora Simone Tebet, estamos aqui acenando que queremos esse diálogo até para o primeiro turno, caso resolvam não ter candidatura."

O ex-governador também relatou conversas com o ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, "O [deputado federal] André Janones (Avante) também tem tido posições coerentes com nosso campo. O próprio [ex-governador de São Paulo] João Doria (PSDB) mantém uma posição em defesa da democracia. Ele não se situa no campo bolsonarista. É preciso um entendimento amplo", defendeu.

Para Dias, o presidente Jair Bolsonaro (PL), principal adversário de Lula nas eleições deste ano, conforme pesquisas feitas por diferentes institutos, "faz um governo sem planejamento e focado no puro populismo, no poder pelo poder".

O petista reconhece que houve uma política de expansão do Bolsa Família (que agora se chama Auxílio Brasil), mas ressalta que o presidente ainda tem alta rejeição. 'Quem não quer uma maior rede de proteção aos mais pobres? Eu quero. Mas precisamos fazer com critérios adequados, planejamento, garantia de capacidade de recursos."

Sobre possíveis mudanças no programa de transferência de renda caso Lula seja eleito, Dias disse que o ex-presidente tem dito que é preciso avançar no assunto e que ninguém quer que as pessoas dependam para sempre do auxílio, ou seja, a ideia é mudar o programa pensando em formas de saída de seus beneficiários.

"O que a gente trabalha é com uma pactuação. O Bolsa Família [Auxílio Brasil] tinha lá um prazo de validade, está até terminando agora em dezembro de 2022, e defendemos que haja uma prorrogação [do benefício mínimo de R$ 400].

O plenário do Senado aprovou na noite da última quarta-feira (4) o projeto que viabiliza o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400. Os senadores mantiveram na proposta a previsão, incorporada pela Câmara dos Deputados, de pagamento permanente deste valor aos beneficiários do programa, e não apenas em 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentará a reeleição. As iniciativas para elevar o valor, no entanto, foram rejeitadas. Como já passou pela Câmara e foi aprovada sem alterações no Senado, a proposta segue agora para sanção presidencial.

Questionado sobre o que deve mudar na área trabalhista, visto que o partido tem falado em revisar ou revogar a reforma, Dias disse que as alterações "passarão por um entendimento tripartite: trabalhadores, setor público e setor privado".