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Candidato de Bolsonaro, Tarcísio estreia pré-campanha com evangélicos em SP

O ex-ministro Tarcísio de Freitas, pré-candidato ao governo de São Paulo, em encontro na igreja Assembleia de Deus - Divulgação
O ex-ministro Tarcísio de Freitas, pré-candidato ao governo de São Paulo, em encontro na igreja Assembleia de Deus Imagem: Divulgação

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

07/04/2022 04h00

O ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) começou a pré-campanha ao governo de São Paulo de olho no voto evangélico. No pontapé inicial, logo após deixar o Planalto, ele participou de uma reunião de pastores na sede da Assembleia de Deus, na capital paulista, na segunda-feira (4).

Tarcísio deixou o ministério na semana passada para ser o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao governo estadual de São Paulo —o maior colégio eleitoral do país. Seu nome tem ficado empatado tecnicamente em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. A equipe e os apoiadores apostam no voto conservador e do interior para crescer.

O ex-ministro foi ao templo, na zona leste de São Paulo, no fim da tarde, para uma reunião de obreiros comandada pelo pastor José Wellington, principal líder das Assembleias de Deus no Brasil. Tarcísio foi convidado pelo deputado federal Paulo Freire (PL-SP), um dos três filhos parlamentares de Wellington, junto à deputada estadual Marta Costa (PSD-SP), que também estava presente, e a vereadora paulistana Rute Costa (PSDB).

José Wellington costuma receber políticos e autoridades em sua igreja. Em outubro de 2020, a celebração do seu aniversário de 86 anos teve a presença de Bolsonaro; da primeira-dama Michelle; do então prefeito Bruno Covas (PSDB), morto em maio de 2021; de Gilberto Kassab (PSD), que integrou diferentes governos; e dos ex-ministros bolsonaristas Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Milton Ribeiro (Educação).

Esta foi uma das primeiras reuniões de Tarcísio em São Paulo como pré-candidato e primeiro aceno de uma grande congregação religiosa a um dos pré-candidatos ao governo paulista. O UOL procurou a assessoria da Assembleia para saber se o encontro se tratou de apoio oficial, mas não teve resposta até o fechamento desta reportagem.

Em sua fala, no púlpito, Tarcísio reforçou o discurso religioso, disse ter sido "criado na igreja", com pai católico praticante e mãe evangélica. Ainda desconhecido por parte do eleitorado e empatado tecnicamente em segundo lugar com o ex-governador Márcio França (PSB), ele pretende focar sua campanha no voto conservador e cristão. França ainda participa de uma disputa paralela para definir quem será cabeça da chapa da aliança PT-PSB.

Com grande importância para a campanha nacional, o ex-presidente Lula (PT) e Bolsonaro disputam voto a voto o apoio cristão. Em São Paulo, apoiadores de Tarcísio veem sua proximidade com este eleitorado como natural.

Ainda em transferência de Brasília, onde ocupava o ministério bolsonarista, para São Paulo, seu plano de governo deverá abordar as chamadas "pautas de costume", segurança pública e renovação de alguém "de fora da política" —semelhante ao discurso de Bolsonaro em 2018, que deverá ser repetido neste ano.

O pastor José Wellington Júnior, o ex-ministro Tarcísio de Freitas, pré-candidato ao governo de São Paulo, o deputado federal Paulo Freire (PL-SP) e os deputados estaduais Coronel Telhada (PP-SP) e Marta Costa (PSD-SP) ouvem o pastor José Wellington, em encontro na igreja Assembleia de Deus - Divulgação - Divulgação
O pastor José Wellington Júnior; o ex-ministro Tarcísio de Freitas, pré-candidato ao governo de São Paulo; o deputado federal Paulo Freire (PL-SP); e os deputados estaduais Coronel Telhada (PP-SP) e Marta Costa (PSD-SP) ouvem o pastor José Wellington, em encontro na Assembleia de Deus
Imagem: Divulgação

De olho no conservador do interior

Entre os bolsonaristas paulistas, a aposta é que a eleição estadual deverá ser um espelho da nacional, com polarização entre PT e o bolsonarismo. No estado, para enfrentar o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), a principal estratégia é olhar para o voto conservador do interior.

A busca deverá ser voltada aos eleitores que tradicionalmente rejeitaram a esquerda e elegem o PSDB consecutivamente desde 1994. A rejeição ao ex-governador João Doria (PSDB), lançado ao Planalto, e o desempenho tímido do governador Rodrigo Garcia (PSDB) nas pesquisas podem ser um combustível para isso.

"Ele [Tarcísio] não tem a máquina e é um nome novo em São Paulo —o que facilita aceitação, com pouca rejeição. Mas é um trabalho que nós temos de fazer para ser conhecido", afirmou o deputado estadual Coronel Telhada (PP-SP), que acompanhou Tarcísio no encontro.

Evangélico, Telhada se junta aos colegas da chamada "bancada da bala" da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) em apoio a Tarcísio. Apesar de o PP e o próprio PL de Bolsonaro estarem fechados com Garcia em São Paulo, os bolsonaristas da Casa, como Major Mecca (PL-SP) e Castello Branco (PL-SP), deverão seguir com o ex-ministro.

"Precisamos de alguém para colocar o estado nos eixos, não para fazer politicagem. Para isso que vou trabalhar", declarou Telhada, que pretende sair para a Câmara dos Deputados, em Brasília, neste ano.