Um chef no Benin

O projeto Origens chega à África com João Diamante para resgatar as raízes da história e do paladar brasileiro

PAULA RODRIGUES, SIMONE FREIRE E GABRIELE ROZA Do UOL, em São Paulo (SP) Origens/Divulgação

De que maneira o que comemos e a forma como nos alimentamos moldam o que nós somos? Quais as histórias por trás dos sabores que pulsam o paladar brasileiro? Homem negro e, como ele mesmo diz, "cria da favela do Rio de Janeiro", o chef brasileiro João Diamante cruzou o Atlântico atrás destas respostas.

Na série de quatro episódios "Origens - Um chef brasileiro no Benin", ele narra sua primeira experiência no continente africano. Essa aventura aconteceu no Benin, na Costa da Mina, região predominante no resultado do teste genético feito por João no início desse ano.

O país está entre os que mais tiveram pessoas traficadas para as Américas durante a escravidão — motivo pelo qual o nosso jeito de comer é tão parecido com o deles. Lá, ele se encontra com vendedores de comida de rua, faz compras na maior feira ao ar livre da África Ocidental e cozinha com outros chefs enquanto nos guia por uma viagem entre passado, presente e futuro da comida brasileira e beninense.

O especial em vídeo é produzido por MOV, produtora de vídeos do UOL, em parceria com ECOA, a plataforma por um mundo melhor do UOL, e o Núcleo de Diversidade. O projeto contou com o patrocínio de Genera.

Do akará ao acarajé

Episódio 1

Na cidade de Cotonou, João Diamante conhece o Mercado Dantokpa, o maior ao ar livre da África Ocidental, que existe há mais de 60 anos e tem cerca de 40 mil vendedores. É neste coração da economia beninense que ele descobre as raízes do acarajé, lá chamado de akará. O bolinho de feijão também é tradição em cerimônias religiosas, como a celebração aos Egunguns, do vodum, que ele conferiu de perto acompanhado do artista plástico beninense Lionel Honfin.

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Sabor da tradição

Episódio 2

João descobre o povoado de Ganvié, reconhecido pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade. A vila inteira foi construída no maior lago do Benin pelo povo tofinu, que achou nas águas o refúgio contra a escravidão. Hoje, vivem por lá cerca de 40 mil pessoas que têm o peixe como a principal fonte de renda e referência gastronômica. Em Ganvié, as receitas são transmitidas pelo boca a boca, mas bem perto de lá a chef Valérie Vinakpon tem feito um esforço incrível para registrar as memórias culinárias do país. Com ela, João aprendeu a fazer uma das receitas mais tradicionais do país: o molho egusi com telibo.

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Brasileiros da África

Episódio 3

Ouidah... é nesta cidade que se encontram os Medeiros, Martins, Domingos, Sousa... Sobrenomes de pessoas conhecidas como "agudás", descendentes de traficantes ou de ex-escravizados que saíram do Brasil e foram pro Benin no século 18. Depois de descobrir as diferenças entre a feijoada dos "brasileiros-africanos" e a brasileira, João Diamante mergulha nesta história do país, que o leva ao litoral para ver de perto a chamada "Porta do Não Retorno", local de onde centenas de milhares de africanos saíram traficados para as Américas e, diferentemente dos agudás, nunca mais conseguiram retornar à terra de seus antepassados.

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À moda do chef

Episódio 4

O retorno de João Diamante ao Brasil trouxe muitas respostas, mas também uma responsabilidade. O que fazer a partir de tudo que viveu no Benin? Para um chef, a resposta está em transmitir o aprendizado na cozinha. No episódio que encerra a jornada de João em Origens, ele apresenta um prato autoral à base de toques africanos nunca vistos antes em sua culinária. Intitulada "Origem", a nova receita do chef segue à risca o seu significado: o (re)começo! "Foi o melhor processo criativo que fiz", conta João.

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ORIGENS UOL

A quinta temporada de Origens também conta com conteúdos especiais de três personalidades: a psicóloga e ex-BBB Sarah Aline, a atriz e cantora Karin Hils e a professora Vera Eunice, filha da escritora Carolina Maria de Jesus. Assim como João Diamante, os três realizaram testes de DNA que apontaram a sua ancestralidade genética e contam em Ecoa o significado das descobertas para suas vidas.

Deborah Faleiros/UOL

Na 1ª temporada, em 2021, Origens estreou com um documentário e reportagens especiais com 20 personalidades negras do Brasil, entre elas, Péricles, Maju Coutinho, Babu Santana, MC Carol, Rincon Sapiência e Conceição Evaristo.

A 2ª temporada envolveu o evento "Origens - Nossos Passos Vêm de Longe: Um resgate histórico da construção de ideias de pessoas negras", com as presenças de Zezé Motta e Jurema Werneck, entre outros, além de conteúdos especiais como a reportagem "Família Grande", que contou a história de centenas de quilombolas que, por terem seus DNAs mapeados, descobriram laços de parentesco entre si; e a série "Cabeças negras por trás da consciência", que contou as histórias de vida de dez militantes históricos que promoveram ações de inclusão de negro no Brasil.

A série "Origens em família" foi o enredo da 3ª temporada, da qual participaram as famílias das deputadas federais Érika Hilton e Benedita da Silva; e o clã de Carlinhos Brown. Os Gil também participaram da temporada com a participação no documentário especial "Origens: A música no DNA da família Gil".

O clima de Copa do Mundo foi o pano de fundo da 4ª temporada, que contou com uma série de reportagens com ex-jogadores da seleção brasileira. E em Ecoa, o evento "As histórias que nos trouxeram aqui" trouxe celebridades e ilustres anônimos que contaram como buscaram respostas sobre o seu passado ou agiram para transformar, cada qual à sua maneira, seus núcleos familiares.

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