Topo

Eduardo Carvalho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Crônica de guerras anunciadas ou entre tensões, como chegar à paz?

iStock
Imagem: iStock

23/02/2022 06h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O silêncio. Não um, mas vários. Para quem mora em territórios conflagrados — como o de uma favela — não há qualquer outro símbolo de que a coisa possa explodir no próximo segundo se não este tamanho vazio. Não há falas, e sim olhares, que no fundo apenas revelam o medo do que está por vir.

Até que "pow! pá!". Tiros, porradas e bombas, e daí fica impossível prever o que se pode fazer. Seja frear a correria de quem tá na pista, ou mesmo apostar numa resistência sem igual de "daqui não saio, daqui ninguém me tira". De uma hora pra outra, o bagulho fica louco, tipo filme ou pior, tipo realidade. Tipo Rússia e Ucrânia.

Nesse entre-guerras onde salpicam ameaças e tensões pequenas ou grandes, vidas de civis ou militares estão em jogo. Durante momentos de extremo pânico, seja no beco ou na estrada, na serra ou na praia, pensar quem ou como se chegar a consensos que minimizem a violência se torna o maior desafio. Afinal de contas, quem ergue a bandeira da paz em meio ao caos?

No Brasil, se faz necessário cada vez mais a criação de políticas públicas pautadas pelo social e capazes de lidar com essa questão, tão presente nos dias atuais. Na esfera da segurança pública (onde se instaura parte de toda atenção), institutos e demais frentes de trabalho apostam na construção de metodologias que intervenham nos territórios para mediar conflitos, buscando ampliar o acesso aos direitos humanos.

Mas a medida nunca pode vir só. Junto à justiça, por meio do fortalecimento de iniciativas que resguardem a diferença de cada cidade e estado. Mas todas elas apoiadas pelo ator primordial desse debate: a sociedade civil e, por sua vez, sua participação como forma de controlar e verificar a implementação destes projetos.

Ações que visam introduzir essa discussão no dia a dia vem sendo replicadas, com a criação coletivos ou grupos como a Embaixada da Paz, espaço neutro onde são criadas estratégias de ação para o avanço da Cultura da Paz por meio do fortalecimento de vínculos comunitários e potencializando o cidadão como agente de transformação.

Presente em dez países e com mais de 80 causas de sucesso, o movimento tem como missão constante a busca por territórios possíveis. "Acreditamos que, ao mudar o foco do individual para o coletivo, uma sociedade mais amorosa, solidária, justa e pacífica possa ser construída", diz a atriz Maria Paula Fidalgo, Embaixadora da Paz. É o desejo de todos, seja para nosso patropi ou no Kremlin.